segunda-feira, 15 de julho de 2013

A paixão de PI

foto de: A&M ART and Photos

Invejo-te os olhos de púrpura amanhecer
quando te sentavas sobre as sombras da madrugada
sem o saber sem o perceber
amanhã envio-te as cartas prometidas com as flores desenhadas
ruas e prédios e penumbras fachadas
no jardim do silêncio à espera da tua chegada,

Amanhã prometo regressar aos teus braços
e a vela transatlântica é engolida pela insónia cristalina das tuas mãos
amanhã
engolida toda a matéria disforme numa equação desnecessária
proibida
cansadas?
maltratadas janelas com pequenos grãos de areia...
e a vã maternidade dos recortes em papel voando sobre ti,

Invejo-te os olhos
e as persianas dos teus olhos como uma fotografia a preto-e-branco caminhando junto ao mar
transformas-te em alga adormecida
e desces pelo meu corpo até te acorrentares ao meu peito aprisionado pelo medo...
invejo-te os seios perfumados como estrelas tricolores suspensas na saudade
e percebo que passou por nós... imenso tempo tempo demais...

Tempo perdido quando rectas paralelas se encontram no infinito...
acreditas, não acreditas, meu amor?
a paixão de PI quando começa o vómito de 3,141592654... no teu púbis onde desenho gráficos,
equações, máximos, mínimos... e os zeros da função...
e a função alimenta-se dos teus gemidos como vidros partidos sobre as flores das searas...
prometidas?
Invejo-te os olhos
e as tuas coxas com sabor a gaivota estonteante...

(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha

domingo, 14 de julho de 2013

Planeta vermelho

foto de: A&M ART and Photos

Percebíamos que a nossa vida era um imaginário baloiço
sobre o mar de esplanadas com lábios de silêncio mergulhados em nadas...
percebíamos que da janela víamos os cadáveres esqueléticos das murchas flores de sémen
e havia no pátio restas lágrimas de luz com sabor a saliva ensanguentada
percebíamos que o amor éramos nós disfarçados de velhos esqueletos
com cristais silábicos pigmentados nas loucas chaminés ao longe olhando-nos
sentados sobre a cidade dos sonhos... percebíamos que o desejo
aparecia nas clarabóias dos sótãos onde se escondiam os amantes do Planeta vermelho,

Percebíamos que éramos nós quando o guarda-fato ressonava nocturnamente
como abelhas dentro de uma colmeia vagueando sobre os sorrisos da perdiz desnorteada
perdida na montanha descia-se até ao rio
e um afogado homem vestido de medo deitava a cabeça no teu colo de xisto
ouvíamos um leve suspiro
um finíssimo gemido com sabor a Primavera
percebíamos que éramos nós
porque quando nos tocávamos
porque quando nos beijávamos
o odor das estrelas estrábicas caíam sobre as searas verdejantes dos olhos de prata
carícias minguadas sobre os teus cabelos de maré criança
menina dos Domingos que o calendário absorve como insónias de papel,

E agora, meu amor por descobrir?
que farei quando abrir a porta da noite
entrar em ti sabendo que não entendes a minha presença e a minha sombra
correm em cigarros invisíveis os sofrimentos das árvores dos pássaros negros...
percebíamos que hoje éramos duas vozes que o rio há muito engoliu
e sobrevivemos a olhar os baloiços dos versos saltitando no quintal dos livros apaixonados
como nós
percebíamos... meu amor por descobrir... que o Planeta Vermelho éramos nós.

(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha

Sítios com sabor a ardósia da tarde

foto de: A&M ART and Photos

Um pouco de silêncio não faz mal a ninguém, segredavas-me quando nos sentávamos sobre a pedra de xisto junto ao rio, e ficávamos, apenas sós, e olhávamos um para o outro, inventávamos desenhos, porque são mais belos que as palavras, e assim, apenas nós, permanecíamos um em frente ao outro, de olhos verdes para olhos castanhos, sem palavras, sem cortinados de fumo, sem geometria descritiva, que às vezes, poucas, utilizávamos para transformarmos a solidão em pedacinhos de insónia, e lá vinha o eterno abraço... caía a noite sobre o teu doirado corpo, percebia-se pelos teus seios os socalcos íngremes descendo a montanha... até que os carris em aço entranhavam-se-te nas mãos tristes, tuas, ao longe, ouvíamos um sonolento comboio com rota para o Porto..., e adormecíamos como duas crianças no colo da inocência, não percebi que chorasses, e sabia que a tua tristeza era real, estava viva dentro de ti, eras como uma seara de trigo suspensa no vento vindo do mar, um pouco de silêncio, não, a ninguém como éramos espelhos côncavos dos jardins de Belém, ouvíamos o assobio do rio em todos os finais de tarde, hoje, o mesmo silêncio, o mesmo decalque do último final de tarde, o cheiro do teu corpo que sobejou e permanece intacto nos arbustos perto do rio, e recordamos os sítios com sabor a ardósia da tarde, a nossa tarde
Choviam-nos sílabas recheadas com marinheiros embriagados, dizias que amavas todos os peixes, percebi por não ser eu um peixe... que não me amavas,
Tu és diferente,
Porquê, perguntava-te,
Respondias-me que adormecíamos como duas crianças no colo da inocência, não percebi que chorasses, e sabia que a tua tristeza era real, estava viva dentro de ti, eras como uma seara de trigo suspensa no vento vindo do mar, um pouco de silêncio, não, e corações enublados avançavam pelas trincheiras do desejo, gemias quando lias os poemas de AL Berto, como se estivesses a ser penetrada por um vulcão de pétalas pintadas de encarnado,
Eu que era diferente,
Porquê?
AL Berto, sorria-nos enquanto inventávamos posições sobre o colchão manchado de tinta permanente de uma velha caneta de sexo,
Havia em nós,
O quê?
Havia em nós sítios de areias brancas, palmeiras, ao longe, machimbombos rosnavam quando o avô Domingos com um cordel os puxava pelas ruas, depois chegava a casa, cansado, abraçava-me e tombava sobre a cama, como um sonâmbulo depois de passear-se pelos rochosos sexos de sal que era cuspido pelo mar do Mussulo até que uma criança, ele, em pequenas rotações, cambaleava e experimentava o estado de embriaguez de algumas plantas, flores, pedras...
Que às vezes, poucas, utilizávamos para transformarmos a solidão em pedacinhos de insónia, e lá vinha o eterno abraço... caía a noite sobre o teu doirado corpo, percebia-se pelos teus seios os socalcos íngremes descendo a montanha... até que os carris em aço entranhavam-se-te nas mãos tristes, tuas, ao longe, ouvíamos um sonolento comboio com rota para o Porto..., e adormecíamos nos braços da tarde, éramos loucos, diziam-nos..., loucos porque amávamos os corpos nus que dormiam dentro dce nós,
Porquê?
O quê? Gemias quando lias os poemas de AL Berto, como se estivesses a ser penetrada por um vulcão de pétalas pintadas de encarnado,
Eu que era diferente,
Porquê?

(ficção não revisto)
@Francisco Luís Fontinha

Fui crescendo

foto de: A&M ART and Photos

Fui crescendo como uma erva daninha
percorri oceanos invisíveis com bonecos de pedra
fui ouvindo vozes misturadas com débeis amanheceres
em lábios de gaivotas cansadas
fui crescendo
fui habitando o teu corpo de espuma
que dorme num cubo de vidro
fui teu
fui dele
fui...
vou sem regressar voando sobre os teus cabelos de amêndoa...
fui crescendo até que o amor me aprisionou aos teus abraços de água salgada,

Fui mendigo dormindo na calçada
fui poeta sem escrever
leitor
carcereiro onde havia livros em prisão perpétua...

Fui poeta
leitor desgovernado debaixo dos plátanos emagrecidos
fui banco de jardim onde te sentaste
e beijaste
a mim
crescendo,

Fui habitante do teu coração
onde brincávamos com as palavras das marés de Sábado à noite
fui crescendo
crescendo...
sem escrever no teu corpo versos de cacimbo
entre o som dos mabecos e os pobres telhados de zinco...

(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha

sábado, 13 de julho de 2013

Sesini ve dudaklarınızı dayandırarak ediyorum ...

fotoğraf,A&M ART and photos

*
Sesini duyduğum dayandırarak ediyorum
size asla sözlerin bana deli gibi aşık
hiç okumak
veya okumak için planı ...
Ben özlem metaforik uçuruma karşı gidiyorum
zaman göğüs bir hançer sessizlik sopa ...
göğüs çiçek ... şimdiye kadar benim parmak söndürülür
uyumak için bir fırça olarak ... kirli su bir kavanoza daldırma
korku döner
açık sabah çizimler
ağzınıza yemek
Bilmiyorum ...
Eğer öptü asla
sizin öpüşme gibi hissetmiyorum ...
kuş öpücük neden
sabah kasvet üzerinde martılar ve hayaletler kum ...
*
Sesini dayandırarak ediyorum
ve dudaklar ...
*
Ne kadar okumak

Okumayı düşünmüyoruz
yazmak
ya da gece siyah giymiş zaman aşağı çekmek ...
ben ... Saçınızın besleyici olarak Mart Lokumu ..
*
Bu yemek asla
veya ... sevgi dolu.
*
(düzeltilmemiş)
@ Luis Francisco Fontinha

traduzido para Turco por: Abdullah Bahadır

Me vou alicerçando à tua voz e aos teus lábios...

foto de: A&M ART and Photos

Me vou alicerçando à tua voz que nunca ouvi
apaixonei-me loucamente pelas tuas palavras que nunca
que nunca li
nem pretendo ler...

Me vou contra o abismo metafórico da saudade
quando um punhal de silêncio se espeta no teu peito...
no teu peito em flor... que nunca saciou os meus dedos
como um pincel em modo de pausa... mergulhado num frasco com água suja
que se transforma em medo
os desenhos límpidos da manhã
comem a tua boca
que não conheço...
que nunca beijei
que não me apetece beijar...
porque não beijo pássaros
gaivotas e fantasmas de areia sobre a penumbra madrugada...

Me vou alicerçando à tua voz
e aos teus lábios...

Que nunca li

Que não pretendo ler
escrever
ou desenhar quando descer sobre ti a noite vestida de negro...
me vou... alimentando dos teus cabelos como Delícias do Mar...

Que nunca vou comer
ou... amar.

(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha