As lágrimas das árvores
brincam no silêncio da tarde sem nome
na penumbra viagem do vento
acariciam-se os sorrisos das pedras
nos lábios do poema
fingindo orgasmos abstractos
que uivam dentro do cubo de vidro
e o homem com o chapéu construído de
sonhos
leva na algibeira a moeda finíssima
para atravessar o rio da morte
quando chovem os teus cabelos
sobre a eira de Carvalhais,
oiço o sino da igreja
a enrolar-se nos pinheiros de papel
colados no muro da insónia
as palavras
as palavras dos pássaros voadores,
dentro do céu
as escadas que me transportam para o
sótão de sombras
onde o candeeiro a petróleo
dorme vagarosamente no tecto da aldeia,
e cessam as sílabas
de todas as portas e de todas as
janelas
que fervilham antes de cair a noite
em desejo.
(poema não revisto)