Trago
nas mãos a enxada da vida,
Tenho
nas mãos o silêncio da vida,
Tenho
no meu corpo o círculo da vida,
Sem
viver, esta vida de sofrer.
Trago
nos lábios o sofrimento de respirar,
O
ar purificado das planícies perpendiculares ao quadrado…
Quando
durmo, e não consigo sonhar.
Trago
em mim todas as flores do teu jardim,
Todas
as árvores do teu cabelo…
Caminhando
pela cidade.
Trago
em mim todos os barcos, todas as marés do teu sorriso…
Dançando
na chuva,
Brincando
na chuva,
Como
uma criança sem nome.
Trago
em mim todas as palavras que te vou dizer,
Numa
tarde de vento,
Junto
ao rio a correr…
Trago
em mim todos os socalcos do Douro,
Todas
as sombras do Douro…
Quando
nasce o Sol, quando nasce a saudade de te beijar.
Trago
em mim os livros que vamos ler,
À
lareira,
Enquanto
pego na tua mão…
E
nela, semeio as palavras que não tenho coragem de te dizer,
Apenas
escrevo,
Que
trago em mim todo o meu saber.
Francisco
Luís Fontinha – Alijó
14/04/2019