O suicídio
embrulhou-o na almofada do sono
como quem semeia
numa fogueira
palavras
e desenhos
e corpos
e beijos
o desejo
meu amor
a saudade dos
tentáculos teus braços
quando olhávamos
petroleiros brincando no Tejo
o vento
levava o teu cabelo
até à outra margem...
alguns minutos
poisava na minha mão
estrelas
os teus olhos
Belém fervilhava
como um campo de
centeio
nos corredores da
cidade
os livros em viagem
atravessavam a ponte
sem autorização
sós
o café
e a água
a esplanada em cio
quando ouvia o uivar
de uma gaivota
em todos os finais
de tarde
sós
o café
e a água
estrelas
nos teus olhos de
rosa embalsamada
o jardim nos
esperava
e abraçava
com corrente de aço
pinceladas de silêncio...
Francisco Luís
Fontinha – Alijó
Sábado, 14 de Março
de 2015