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sexta-feira, 13 de março de 2015

Bilhete na alvorada


No trajecto da insónia
um ponto embrulhado nas coordenadas do silêncio
percebe-se pelo movimento lento
que a parábola incendeia o pequeno quadrado
lá dentro o medo
viver ele
enquanto desenho na ardósia tarde
o significado das imagens nocturnas do prazer
o corpo é um pesadelo sem porto onde aportar
viver ele
no mar
e cansa-se do rasurado veneno que o vento semeou

a carta regressa
endereço insuficiente
ausente
talvez morto
talvez contente...
no mar
o luar pincelado de andorinhas marés
e ele
sempre ele
viver ele
e cansa-se
não o devia fazer

fugir
sem...
sem deixar um bilhete sobre a secretária
ou
ou apenas um traço no espelho embaciado da casa de banho
eu percebia
ausentou-se
foi-se
nunca mais voltará aos livros...
nunca mais acordarão as vozes das sílabas embriagadas
nos sonhos
da alvorada.



Francisco Luís Fontinha – Alijó
Sexta-feira, 13 de Março de 2015