Não
tenho pressa de voar nos teus olhos,
Meu
amor,
Sei
que nas tuas lágrimas existem diamantes invisíveis,
Um
silêncio de noite
Cobre
a tua pele,
Não
tinha tempo para o amor,
Amar,
Ser
amado,
Escrever
no teu corpo os meus frágeis dedos,
Amo-te,
Amo-te
sem perceber porque amo a noite,
Amo-te
sem perceber porque hoje é noite,
Construída
num quadrado de vidro,
Hoje
ouvi os primeiros dos últimos sussurros dos pássaros daquele jardim envenenado,
Não
sei, meu amor, escrevo-te sem saber se existes nesta Galáxia de alegria,
Amar,
Ser
amado,
Amo-te
sem perceber as palavras do teu corpo,
O
poema,
A
paixão,
A
caricia das tuas mãos escondidas num caixote de sonhos,
Os
desenhos, também eles te amam,
Meu
amor,
Os
barcos,
Os
livros,
Cobrem
a tua pele…
Sentado
em ti,
Embrulhado
nos teus beijos,
E
mesmo assim,
Não
quero regressar a uma Lisboa iluminada por Cacilheiros
E
soldados de papel,
Ouvíamos
os comboios em direcção a Cascais,
Belém
brincava nos nossos braços,
E
havia sempre uma esplanada para aportarmos,
Éramos
âncoras de luz
Olhando
as geométricas quadrículas do sexo,
Gemias,
Meu
amor,
Entre
poemas e poemas de ninguém,
Éramos
odiados pelas serpentes dos eléctricos,
E
pelos insectos da madrugada,
Fumávamos
todos as estrelas,
Ignorávamos
todas as pontes
E
todos os abutres de aço,
Felizes
eles,
E
elas,
E
eles,
Meu
amor,
Fugíamos
das noites com cortinados de desejo,
Tínhamos
na nossa cama a solidão,
Os
barcos de há pouco recordados,
Os
acentos acorrentados à maré inseminada pelo pôr-do-sol.
Não
o quero,
Meu
amor,
Não
o quero no meu corpo,
Na
minha alma,
E
nas minhas raízes…
Só
elas conseguem aprisionar-me ao amanhecer,
E
só tu consegues libertar-me desta cidade a arder…
Francisco
Luís Fontinha – Alijó
Quarta-feira,
24 de Junho de 2015