(durante
uns tempos não escrever; peço desculpa)
Não
Não
tenhas pressa de partir,
Imagina
no teu olhar
As
sonâmbulas asas do mar,
A
gaivota desesperada,
Triste,
Tão
triste que não dá por nada…
Levanto
as mãos,
Passo-as
no teu cabelo,
Imagino
os teus lábios alicerçados à montanha do Adeus,
Desenhos
geométricos no teu peito,
Os
teus beijos camuflados pela noite da insónia colorida de prata,
E
eu aqui…
Sem
nada nas mãos,
Falta-me
a última palavra,
E
de tantas que escrevo,
Não
tenho nada,
Torna-se
invisível o teu corpo na alvorada,
Pareces
um comboio descarrilhado,
Enferrujado,
Sem
maquinista nas curvas do Douro amado,
O
poço da tua voz sangrento entre iões e protões,
A
lâmina do teu cansaço poisada nos meus braços,
Encerro
a janela,
Pego
num livro de “AL Berto”…
E
não vejo o mar a entrar pela janela…
Ausente,
A
partida sem destino na cidade dos Cacilheiros,
O
amor dos corpos em sofrimento amor,
Eles
amam-se…
Eu..
eu amo-os,
Espalho
a saliva do pensamento numa avenida sem nome,
O
engate em Cais do Sodré,
O
vento emagrecido,
Descendo
a “Calçada da Ajuda”,
Eu
parecia um cigarro em sentido,
Numa
parada imaginária,
Um
soldado,
Eu,
Imaginem
eu um soldado,
Com
uma espingarda de sémen
Disparando
palavras contra a ponte 25 de Abril,
Era
noite,
Ela
lindíssima… vestida de luz
E
carros em papel,
Deitava-me
debaixo das estrelas,
Escrevia
o teu rosto nas minhas lágrimas,
Embriagada
cidade das águas sem nome,
Queria
ser uma guilhotina,
Uma
pistola em chocolate,
Comia
a guilhotina…
E
oferecia-te o chocolate,
Brincávamos,
Brincávamos
entrelaçando as mãos na luz aérea do silêncio,
Emagreço,
Sonho
com as tuas fotografias,
Acredito
nos caixotes em madeira amarrotados no convés de um paquete,
Era
Setembro,
Lembro-me
do cheiro das videiras
E
das ruas sem transeuntes,
Ouvia
o suor das manhãs clandestinas,
O
dia,
Anoite,
E
o medo…
O
medo que tenhas pressa em partir.
Francisco
Luís Fontinha – Alijó
Segunda-feira,
22 de Junho de 2015
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