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sábado, 15 de julho de 2023

Perfume

Na tua pele há um rio em desejo

No pôr-do-sol do teu silêncio.

Na tua pele crescem as sílabas da manhã

E as lágrimas da noite anterior.

Na tua pele,

Na tua pele acorda o perfume do abraço,

Na tua pele

Escrevo um poema,

Escrevo uma manhã antes de acordar.

 

Na tua pele desenho o navio que não encontro,

Os círculos de luz que aos pucos…

Se extinguiram contra o rochedo de uma qualquer coisa,

Sem nome,

Na tua pele,

Na tua pele sacio a fome,

 

Na tua pele,

Na tua pele procuro o que nunca tive,

E deito fora,

Tudo aquilo que tenho,

Na tua pele,

Na tua pele deixo o rio da poesia…

E escondo-me nas estrelas.

 

 

15/07/2023

quinta-feira, 13 de julho de 2023

O medo

 

Existe uma parede

Que não me deixa ver-te

Uma parede invisível

Apelidada de medo

Medo de olhar-te

E amar-te,

 

Existe uma parede

Uma parede que não me deixa abraçar-te

Uma parede invisível

Do medo de amar-te

No medo…

Do teu olhar,

 

Existe uma parede

Em cada manhã ao acordar

Uma parede invisível

Que não me deixa ver o mar

Existe uma parede

Uma parede… que não me deixa beijar-te.

 

 

13/07/2023

Luís

quarta-feira, 5 de julho de 2023

Para ti

 

Para ti

O primeiro beijo da manhã,

Para ti

O último luar da noite

Que se alicerça aos teus olhos de mar…

E aos teus lábios de mel,

Para ti

Um pedacinho da minha mingua luz…

A que me resta,

Para ti

O colorido desejo,

De desejar-te

E de amar-te…

Para ti…

Este desenho pigmentado de paixão…

Que espera…

Por ti.

 

 

 

05/07/2023

Pôr-do-sol

 Se tu quiseres,

Serei a chuva miudinha que abraçará o teu cabelo,

O mar que brincará nos teus lábios,

Se tu quiseres,

Serei o luar do teu olhar…

Ou o teu poema em cada dia,

Se tu quiseres,

Serei a voz do teu silêncio,

A luz das tuas noites de insónia…

Se tu quiseres,

Serei o pôr-do-sol…

Se tu quiseres,

Se tu deixares…

Pegarei na tua mão e guiar-te-ei até ao cimo desta montanha

Tão difícil e injusta…

Que apelidam de vida.

 

 

05/07/2023

Bragança

domingo, 2 de julho de 2023

Abraço desejo

 

Em silêncio desejo

Este poema se mata

Deste poema sem lata

Na boca de um beijo,

 

Em silêncio desejo

Este poema desgovernado

Qua não vejo…

Em silêncio desejo o abraço desejado

 

Nãos mãos de uma Princesa.

Em silêncio desejo

Dorme a madrugada em triste beleza…

 

Do triste cansaço

Quando o meu corpo aleijo

Em busca de um abraço.

 

 

 

02/07/2023

Francisco Luís

Trigésima quinta madrugada…

 Amo-te dentro desta esfera em silêncio

Junto a este caderno quadriculado…

Amo-te na imensidão dos dias

E das noites

E das noites…

Sem os dias,

 

Amo-te como se estivesse a resolver uma equação diferencial ordinária de segunda ordem

Que não me vai fazer feliz

Resolvê-la

E que a única pessoa aqui feliz…

É o professor Mário Abrantes

Por eu a revolver,

 

Amo-te enquanto a Terra dá voltas ao Sol

E roda sobre ela mesma

Amo-te sabendo que do outro lado da rua

Brinca o mar

O mar da minha infância,

 

Amo-te junto a este hipercubo

Que está abraçado à matriz transposta da paixão…

Enquanto um beijo meu…

Anda por aí…

Entre a montanha

E a filha da montanha

E o chão,

 

Amo-te à vigésima quinta hora

Enquanto uma louca locomotiva se faz à estrada

Rumo aos rabiscos das minhas folhas de papel…

Amo-te dentro deste complexo casaco de forças

Em perfeito equilíbrio

Em X

Em Y

E em Z,

 

Amo-te à trigésima quinta madrugada…

Sem dormir

Quando dentro desta esfera em silêncio

Me obrigam a calcular o seu volume…

Idade…

E o sexo,

 

Antes que a noite te roube de mim.

 

 

 

02/07/2023

Francisco

quinta-feira, 29 de junho de 2023

Não sei,

 Não sei, meu amor,

Hoje, nada tenho a escrever-te de belo

A não ser que brevemente levantaremos voo rumo à Rua das flores,

Que neste momento já nem sei se o calor que entra mais

O calor gerado,

É igual ao calor que sai

Mais o calor acumulado,

Digamos…

Espera aí…

E se for o calor de uma abelha

Poisada nos teus lábios

Ser igual ao calor dos meus lábios

Mais o calor dos lábios da abelha,

Não, não soa bem...

Continuamos,

 

Mas o que eu queria era escrever-te algo de belo

Como um permutador de calor,

Só…

Numa sala escura

E sem janela para o mar,

Mas hoje,

Não, não consigo escrever-te nada de belo…

A não ser que…

Os teus olhos são a raiz quadrada de cento e vinte cinco,

Ou que o teu lindo sorriso é igual à massa vezes a velocidade da luz,

Ao quadrado…

Ao quadrado,

Então o teu lindo sorriso é tão infinito,

Tão infinito…

Como o Universo infinito que é,

De energia…

 

Mesmo assim, ainda não tenho palavras para escrever-te de tão belo…

Diria que,

Deus ao cubo,

Abraçado ao sonho…

É igual ao silêncio…

No silêncio a que me proponho…

Não,

Não é nada belo…

Como o é um reactor nuclear,

Uma chumaceira qualquer…

Ou simplesmente um parafuso em paixão,

 

Os segundos e os minutos correm…

Apressadamente para apanharem o cacilheiro até ao Vilarelho

Palavras para ti, meu amor, ainda não telho,

Preciso de palavras distintas,

Palavras belas,

Entre belas palavras,

Tais como…

Que no silêncio do teu olhar,

Destro silêncio em perfeita madrugada,

Sinto-me tão pequenino…

Tão misero como a constante de difusão,

Como as coisas da vida…

Quando da tua mão…

Acorda um beijo em papel,

Pincelado de encarnado,

Antes que desça sobre nós…

O Oceano que nos vai engolir no calor da noite,

 

E que sim,

(toda a plateia em pé,

Ele é louco

Ele é louco

Ele é louco

Ele é louco

Ele é louco…)

Mesmo assim, ainda não tenho para ti, meu amor, palavras belas…

Ou belas palavras

Ou cinzeiros de prata,

Ou tudo…

Ou nada,

 

E diria que…

Escrevia no teu corpo o mais belo e lindo poema de amor…

Mas que posso eu escrever…

Se neste momento não tenho palavras belas

Das belas palavras,

Para ti,

Escrevia no teu corpo…

Desejo, enquanto a lua pertencer ao silêncio dos Deuses,

Desenhava no teu corpo a paixão desconhecida…

De uma equação qualquer,

Assim…

Simples,

Simples como a vida,

 

Mas gosto mais de escrever,

Então eu escrevia no teu corpo,

Que o quero não como posse…

Mas apenas para o contemplar com as minhas mãos…

Quando o Sol se esquecer de acordar…

Mas preciso de palavras belas,

Para ti,

Mas hoje, meu amor,

Hoje não é dia de palavras belas,

Que o cacilheiro com destino ao Vilarelho está quase a chegar,

Fez uma curta paragem na rua da Costinha,

E eu, aqui sentado…

Acreditando…

Que quando terminar a noite…

Tenho as tuas belas palavras,

(que sou louco, pois, pois…)

O paquete que transportava os cereais…

Teve um pequeno percalço…

E poisou no aeródromo da Chã…

Em contrapartida,

O avião que transportava os permutadores de calor…

Atracou no cais do Pinhão,

Como vês, meu amor,

Não vês nada,

Como eu,

 

Mas o que eu quero,

São palavras,

Belas palavras,

Das palavras tão belas,

 

E continuando a escrever no teu corpo,

Admitindo que estou com uma pequena dúvida,

Pois não sei se tenho na cabeça mais poemas de amor para semear no teu corpo

Ou de que equações…

Sento-me…

E penso,

 

Deus vem ter comigo,

Troca comigo um abraço,

Peço-lhe um cigarro…

Que sim

Muito simpático… ele,

E talvez ele me ajude,

Pois ele é Deus,

E segreda-me ao ouvido…

Que as mulheres preferem palavras belas,

Belas palavras,

De que miseras equações de sono…

Deu é muito fixe…

Só que ele,

Que tudo sabe,

Nada sabe,

Pois estou aqui num profundo dilema…

Não tenho palavras belas…

Tão pouco belas palavras…

Para oferecer a uma Donzela,

E Deus…

Manda-me escrever no corpo dela…

Palavras,

 

Mas acredito,

Tenho fé em Deus…

Que até terminar a noite…

Terei as tuas belas palavras,

 

As tuas mãos são uma pequena jangada

Nas minhas mãos de nada,

(não, não…, isto ainda não é belo)

Que no teu cabelo,

Que no teu cabelo habita uma lágrima de luz…

À velocidade de trinta metros por segundo,

Diria então,

Que do teu cabelo…

Nascem pigmentos de silêncio-paixão…

Ou então…

Que na tua boca,

Existe um pequeno electrão,

E uma pequena nuvem de insónia,

 

(bravo, bravo…, pois claro…)

Mas acredito,

Tenho fé em Deus…

Que até terminar a noite…

Terei as tuas belas palavras,

 

Depois,

Alguém disse que a distância daqui até à lua

É igual à distância da lua até aqui,

E que sim, e que sim…

Mas quanto a Deus…

Fiquei-me apenas pelo cigarro emprestado,

Sim, emprestado…

Porque Deus não dá nada a ninguém,

Nem as tuas palavras,

 

Mas eu,

Eu precisava de palavras,

De belas palavras,

Das mais belas palavras do infinito Universo…

E de verso em verso,

Não, hoje não consigo escrever-te um lindo poema antes que termine a noite…

E me apeteça lançar da Torre Eiffel e voar sobre a tua sombra…

 

Ausento-me do teu doce olhar

Sabendo que sobre esta folha em papel

Há uma única palavra

Uma só palavra;

Amo-te.

 

Ainda não gosto,

Não, não são as tuas palavras,

Que dentro de um cubo,

Existe uma lâmina de desejo…

Pronta a dilacerar o perfume da tua pele…

(o tipo está doido…)

(bravo, bravo…)

(oiço toda a plateia em uníssono…

Um abraço,

Parabéns…

Nem anos faço, hoje…

Palermas)

 

Ausento-me do teu doce olhar

Na ânsia claridade da noite

Depois de descerem da montanha

Os pássaros das três grandes ribeiras…

E abraço-te com um beijo

Enquanto lá fora…

Lá fora…

Esperam-me…

Para me apedrejarem…

Ou levarem-me para o manicómio…

Prefiro ser cremado,

Numa linda manhã de nevoeiro,

 

Não sei, meu amor,

Hoje, nada tenho a escrever-te de belo

A não ser que brevemente…

 

Terei a solução da equação de Deus.

 

 

 

29/06/2023

Francisco

quarta-feira, 14 de junho de 2023

O rio luz

 

Neste pedacinho de luz

Que às vezes se esconde

Se esconde no teu olhar…

Que às vezes brinca

E alimenta o meu olhar…

Neste pedacinho de luz

Onde escrevo o teu nome…

Vêm a mim

(Quando cai a noite sobre a sombra das minhas mãos…)

Vêm a mim

Todas as estrelas do silêncio.

 

Neste pedacinho de luz

Que é ausente

Que é carente

Que ainda não tem nome…

Neste pedacinho de luz

Escondo o teu olhar…

E a paixão em fome.

 

Neste pedacinho de luz

Deste pequenino pedacinho de luz

Que sofre quando a madrugada se abraça à insónia

Quando a insónia me abraça

E me beija

Neste pedacinho de luz

Ao cair da tarde

Junto ao rio…

A este pequenino pedacinho de rio…

Que tem nome

Que ama

Que deseja…

E apenas o conheço…

Como o rio luz.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha

14/06/2023

sábado, 3 de junho de 2023

Tarde em silêncio

 

Às vezes, às vezes tínhamos pressa do cansaço,

Muitas vezes,

Das outras vezes,

Era o cansaço que se fartava de nós…

 

E escondia-se na algibeira do sono.

Às vezes, às vezes éramos acorrentados aos lábios do vento,

Muitas vezes,

Das outras vezes…

Era o vento que desenhava em nós a madrugada.

 

Às vezes, às vezes sentíamos no peito a gravidade…

E em cada segundo de colapso…

Percorríamos nove vírgula oito metros por segundo ao quadrado…

Tantas vezes,

Das outras e destas vezes…

E das vezes que não tínhamos vezes…

 

Caia sobre nós a tarde vestida de silêncio.

 

 

 

Francisco

03/06/2023

domingo, 28 de maio de 2023

Silêncio de luz

 

O corpo

O corpo é apenas um silêncio

Um segundo-luz

O corpo

É uma imagem

Não consensual

Para uns e tal

Para outros

Nada mal

 

O corpo

O corpo é uma fachada

Por vezes

Por vezes com estrutura defeituosa

Assim-assim

E o corpo não passa de um silêncio

Um pequeno silêncio

 

Se eu quero conversar sobre Dostoievski…

Não

Não pergunto ao corpo

Se ele quer conversar comigo sobre Dostoievski

E claro que o corpo nada sabe de Dostoievski

(mas acha-se de engraçadinho, às vezes)

 

O corpo

O corpo…

(é evidente que o poeta fala do seu corpo)

O corpo é um pedacinho de luz

Nos lábios do silêncio

O corpo não fala

O corpo escreve

E masturba-se

O poeta escreve

E o corpo…

É apenas um corpo

Um milímetro quadrado com massa de um grama…

À velocidade do desejo

 

O corpo corre

Na luz do silêncio

Tomba

Chora

Grita

O corpo morre

No silêncio que se move

Em círculos de luz

Em quadrados de saudade

O corpo vomita lágrimas de insónia

E um quintal (unidade de massa aprox. = 46 Kg) de estupidez

 

Depois o rio levou os caixotes

Pouca coisa

Algumas miudezas

E corpos

Corpo de medo embalsamados…

 

O corpo

O corpo é apenas um silêncio

Um segundo-luz

Um abraço desenhado pelo vento…

O corpo

O corpo é uma jangada

Onde se deita a madrugada

O corpo é tudo…

O corpo

Às vezes

Não é nada.

 

 

 

Francisco

28/05/2023