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quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Clandestino


(desenho de Francisco Luís Fontinha)


não imagino a tua ausência
meu amor
sou o espelho do sofrimento
da tua luta
imagino as tuas lágrimas de silêncio
no pergaminho sono da clandestinidade
vais morrer
e nada tenho para escrever na tua lápide....


Francisco Luís Fontinha – Alijó
Terça-feira, 20 de Janeiro de 2015

domingo, 23 de novembro de 2014

Triciclos de luz


Sinto a falta do fumo do teu cigarro,
não percebo a ausência das tuas mãos...
quando poisavam no meu rosto,
e dos teus lábios sobejavam palavras que não me cansava de ouvir...
sinto a falta do teu olhar embrulhado no cacimbo,
e das mangueiras que brincavam no nosso quintal,
desenhando bonecos de sombra no meu peito,
sinto a tua falta...
e imagino-te a galgar o portão de entrada com um brinquedo debaixo do braço,
e eu...
e eu adormecia no teu colo,
sonhando com barcos de papel e triciclos de luz...



Francisco Luís Fontinha
Alijó, 23 de Novembro de 2014

domingo, 2 de fevereiro de 2014

Círculos, círculos de ténue luz

foto de: A&M ART and Photos

Círculos, círculos de ténue luz sobre os teus olhos cinzentos,
lá fora ouve-se o granizo comendo os sonhos daqueles que dormem, e saltitam sobre as nuvens de vento,
lá fora há pálpebras que choram,
automóveis que se recusam a andar,
suspendem-se nas canadianas, procuram de vez em quando uma bengala de verniz...
lá fora tudo parece ser feliz, as plantas argumentam nas palavras os distintos sons dos teus lábios,
círculos,
quadrados,
quarta-feira... a luz inverna e todos os silêncios ancorados a ti,
tu, quem és?
tu... tu o que fazes junto a mim quando me olho no espelho, quando descrevo as nódoas do meu rosto por meia dúzia de palavras, tão poucas... mínimas... que apenas pronuncio... “ausência e dor”,
e círculos..., círculos viciados em sexo e drogas, deitados na relva do pôr-do-sol,
e... e círculos, círculos de ténue luz sobre os teus olhos cinzentos.


@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Domingo, 2 de Janeiro de 2014

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

um dia

foto de: A&M ART and Photos

um dia serei eu
um dia acordará a madrugada vestida de branco
com uma pétala de rosa em cada estrela suicidada
um dia vestir-me-ei de amanhecer
como as páginas de um livro perdido na livrarias em poeira...

um dia acordarei e tu és uma pausa
como as sombras do musseque
depois da chuva se entranhar na terra ressequida
um dia
um dia ausentar-me-ei... como as bananeiras do teu sobrolho

como as sílabas dos teus lábios
e um dia saberás quem sou porque morri
partirei para a terra de ninguém
não estarás certamente à minha espera... porque tu não existes
porque tu és uma feiticeira com asas de carvão e boca de crocodilo


(n ã o r e v i s t o)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Quarta-feira, 4 de Setembro de 2013

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Como tu, refugiada em palavras mortas

foto: A&M ART and Photos

Como tu
refugiada em palavras mortas
mórbidas borboletas de veludo
voando
sonhando câmbios e orgasmos das neblinas filhas da madrugada
sou
como tu
embriagado pelas luzes do extinguido habitáculo de nylon,

Como tu
uma árvore em silencio no recreio da velha escola
sentamos-nos? Podíamos entrelaçar as mãos como fazem as andorinhas
quando
como tu?
Acordam as letras envenenadas das canções de amor...

Não sou nada
parecendo uma pedra lançada ao vento
e cai gravemente sobre o teu peito...
e da ferida... uma pequena rosa sobrevive aos teus lamentos,

(Como tu
refugiada em palavras mortas)

E insignificantes espelhos da eira triste
dançando como as bailarinas das fotografias suspensas no gesso alicerçado às mãos de um inocente homem com barba branca
dançamos?

(mórbidas borboletas de veludo
voando)

Nunca mais regressarei aos teus abraços braços
porque agora sou um barco
sem leme rumo ou velas
sem motor marinheiro ou perfume teu dentro de mim
caminharei sobre os cedros apodrecidos de uma lápide significando a minha ausência
nunca
regressarei ao porto de abrigo
para ser ancorado e aprisionado a uma corrente enferrujada com sintomas de tuberculose...

Fumamos?

(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha

sábado, 24 de novembro de 2012

E se suicidam nas janelas da saudade os barcos invisíveis


Há-de crescer um narciso
nas lágrimas de xisto
suspensas no silêncio teu rosto mergulhado em ti
vulcão apaixonado
que da ilha supérflua em círculos de luz
vivem nas ardósias tuas bocas deliberadamente loucas
dos cortinados da melancolia
e eu eu sentia,

as palavras tontas
dos oceanos regressos em pedacinhos de nada
amanhece em mim
as ervas daninhas do sofrimento
em dor
ou não
o teu corpo dilacerado entre as mandíbulas assassinas
que a madrugada desenha na areia fina,

há-de crescer um narciso
nas lágrimas de xisto
há-de crescer um rio que dentro de ti infinitamente ausente
nas palavras suspensas no silêncio teu rosto mergulhado em ti
e eu eu sentado nas escadas da cidade
contando os barcos invisíveis
que descem a calçada
e se suicidam nas janelas da saudade.

(poema não revisto)

domingo, 17 de junho de 2012

O amor de amar um veleiro sem velas



É isto o amor?
Um corpo nu suspenso sobre a almofada
da ausência
a janela da solidão
sem vista para o mar

é isto?
O amor de amar
um veleiro sem velas
à procura do vento
antes de adormecer o silêncio...

é isto o amor?
Um corpo nu

um livro sem palavras
um livro sem páginas
nu
um corpo suspenso sobre a almofada
da ausência...