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domingo, 6 de agosto de 2023

Despedida

 

Um cigarro meio-adormecido

Despede-se dos meus lábios

Tal como eu

Que não me despeço

De nada

Mas que tudo

Se despede de mim,

 

Assim

Este cigarro permanecerá eternamente nos meus lábios

Mesmo meio-adormecido

Meio-apagado

Meio-morto

Será sempre um cigarro

Um cigarro amado,

 

Um cigarro meio-adormecido

Despede-se dos meus lábios

Rouba-me o colorido sol

E toda a pigmentação do luar

Em despedida

Que deixa escapar a noite

Por uma pequena brecha

Uma fenda insignificante

Do meio-morto

Meio-adormecido

Ao meio-dia

Este cigarro

Amado

Querido

Por uma pequena brecha

Este cigarro prometido.

 

 

 

06/08/2023

domingo, 23 de novembro de 2014

Triciclos de luz


Sinto a falta do fumo do teu cigarro,
não percebo a ausência das tuas mãos...
quando poisavam no meu rosto,
e dos teus lábios sobejavam palavras que não me cansava de ouvir...
sinto a falta do teu olhar embrulhado no cacimbo,
e das mangueiras que brincavam no nosso quintal,
desenhando bonecos de sombra no meu peito,
sinto a tua falta...
e imagino-te a galgar o portão de entrada com um brinquedo debaixo do braço,
e eu...
e eu adormecia no teu colo,
sonhando com barcos de papel e triciclos de luz...



Francisco Luís Fontinha
Alijó, 23 de Novembro de 2014