sexta-feira, 30 de junho de 2023

… a piquena ainda não regressou dos festejos em honra de S. Paulo, pelo que este nosso/vosso espaço comercial, provavelmente, ou não, só reabrirá lá para segunda-feira ou terça-feira,

A temperatura está agradável, aproximadamente 23ºC em Bragança, talvez ao final da tarde ainda vá fazer um passeio até à praia, curiosamente também estão 23ºC em Luanda, o pôr-do-sol será às 21:07h, portanto…, peguem na vossa amada, dêem as mãos, e contem cada estrela que brinca no céu,

E depois,

Se for menina, dêem-lhe o nome de parede envidraçada, se for menino…, acumulador,

A vitela estufada estava uma delícia, mas devido a um erro informático, o pernil tinha desparecido e está em parte incerta,

Coisas da informática,

Plutão retrógrado em aquário, segundo a nossa abelha, e o pior que poderá acontecer aos aquarianos é terminarem o dia no programa criminal da CMTV,

Acabaram agora mesmo de me presentear com uma viagem à Lua, só de ida, um fim-de-semana em Marte, um passeio pelo infinito espaço em balão de ar quente ou meia-volta ao Sol…

Não sei,

Não sei…

Tenho de conversar com a minha piquena,

Amanhã é sexta-feira, ou domingo…

Tanto faz,

Os festejos em honra de S. Paulo continuam mais logo, provavelmente vou desligar-me da corrente eléctrica e entrar em modo de hibernação ou em modo de suspensão ou em outra coisa qualquer,

OI?

Não percebi, colega…

E tudo isto, e tudo isto porque a piquena que gere este nosso/vosso espaço comercial… foi ontem para as festas em honra de S. Paulo…,

E…,


 Lamentavelmente teremos de encerar este nosso/vosso espaço comercial… a donzela que viria fazer o turno da noite… foi para os festejos em honra de S. Paulo, em Alijó.

Pedimos desculpas, reabrimos daqui a algumas horas.

 

A gerência.

quinta-feira, 29 de junho de 2023

Não sei,

 Não sei, meu amor,

Hoje, nada tenho a escrever-te de belo

A não ser que brevemente levantaremos voo rumo à Rua das flores,

Que neste momento já nem sei se o calor que entra mais

O calor gerado,

É igual ao calor que sai

Mais o calor acumulado,

Digamos…

Espera aí…

E se for o calor de uma abelha

Poisada nos teus lábios

Ser igual ao calor dos meus lábios

Mais o calor dos lábios da abelha,

Não, não soa bem...

Continuamos,

 

Mas o que eu queria era escrever-te algo de belo

Como um permutador de calor,

Só…

Numa sala escura

E sem janela para o mar,

Mas hoje,

Não, não consigo escrever-te nada de belo…

A não ser que…

Os teus olhos são a raiz quadrada de cento e vinte cinco,

Ou que o teu lindo sorriso é igual à massa vezes a velocidade da luz,

Ao quadrado…

Ao quadrado,

Então o teu lindo sorriso é tão infinito,

Tão infinito…

Como o Universo infinito que é,

De energia…

 

Mesmo assim, ainda não tenho palavras para escrever-te de tão belo…

Diria que,

Deus ao cubo,

Abraçado ao sonho…

É igual ao silêncio…

No silêncio a que me proponho…

Não,

Não é nada belo…

Como o é um reactor nuclear,

Uma chumaceira qualquer…

Ou simplesmente um parafuso em paixão,

 

Os segundos e os minutos correm…

Apressadamente para apanharem o cacilheiro até ao Vilarelho

Palavras para ti, meu amor, ainda não telho,

Preciso de palavras distintas,

Palavras belas,

Entre belas palavras,

Tais como…

Que no silêncio do teu olhar,

Destro silêncio em perfeita madrugada,

Sinto-me tão pequenino…

Tão misero como a constante de difusão,

Como as coisas da vida…

Quando da tua mão…

Acorda um beijo em papel,

Pincelado de encarnado,

Antes que desça sobre nós…

O Oceano que nos vai engolir no calor da noite,

 

E que sim,

(toda a plateia em pé,

Ele é louco

Ele é louco

Ele é louco

Ele é louco

Ele é louco…)

Mesmo assim, ainda não tenho para ti, meu amor, palavras belas…

Ou belas palavras

Ou cinzeiros de prata,

Ou tudo…

Ou nada,

 

E diria que…

Escrevia no teu corpo o mais belo e lindo poema de amor…

Mas que posso eu escrever…

Se neste momento não tenho palavras belas

Das belas palavras,

Para ti,

Escrevia no teu corpo…

Desejo, enquanto a lua pertencer ao silêncio dos Deuses,

Desenhava no teu corpo a paixão desconhecida…

De uma equação qualquer,

Assim…

Simples,

Simples como a vida,

 

Mas gosto mais de escrever,

Então eu escrevia no teu corpo,

Que o quero não como posse…

Mas apenas para o contemplar com as minhas mãos…

Quando o Sol se esquecer de acordar…

Mas preciso de palavras belas,

Para ti,

Mas hoje, meu amor,

Hoje não é dia de palavras belas,

Que o cacilheiro com destino ao Vilarelho está quase a chegar,

Fez uma curta paragem na rua da Costinha,

E eu, aqui sentado…

Acreditando…

Que quando terminar a noite…

Tenho as tuas belas palavras,

(que sou louco, pois, pois…)

O paquete que transportava os cereais…

Teve um pequeno percalço…

E poisou no aeródromo da Chã…

Em contrapartida,

O avião que transportava os permutadores de calor…

Atracou no cais do Pinhão,

Como vês, meu amor,

Não vês nada,

Como eu,

 

Mas o que eu quero,

São palavras,

Belas palavras,

Das palavras tão belas,

 

E continuando a escrever no teu corpo,

Admitindo que estou com uma pequena dúvida,

Pois não sei se tenho na cabeça mais poemas de amor para semear no teu corpo

Ou de que equações…

Sento-me…

E penso,

 

Deus vem ter comigo,

Troca comigo um abraço,

Peço-lhe um cigarro…

Que sim

Muito simpático… ele,

E talvez ele me ajude,

Pois ele é Deus,

E segreda-me ao ouvido…

Que as mulheres preferem palavras belas,

Belas palavras,

De que miseras equações de sono…

Deu é muito fixe…

Só que ele,

Que tudo sabe,

Nada sabe,

Pois estou aqui num profundo dilema…

Não tenho palavras belas…

Tão pouco belas palavras…

Para oferecer a uma Donzela,

E Deus…

Manda-me escrever no corpo dela…

Palavras,

 

Mas acredito,

Tenho fé em Deus…

Que até terminar a noite…

Terei as tuas belas palavras,

 

As tuas mãos são uma pequena jangada

Nas minhas mãos de nada,

(não, não…, isto ainda não é belo)

Que no teu cabelo,

Que no teu cabelo habita uma lágrima de luz…

À velocidade de trinta metros por segundo,

Diria então,

Que do teu cabelo…

Nascem pigmentos de silêncio-paixão…

Ou então…

Que na tua boca,

Existe um pequeno electrão,

E uma pequena nuvem de insónia,

 

(bravo, bravo…, pois claro…)

Mas acredito,

Tenho fé em Deus…

Que até terminar a noite…

Terei as tuas belas palavras,

 

Depois,

Alguém disse que a distância daqui até à lua

É igual à distância da lua até aqui,

E que sim, e que sim…

Mas quanto a Deus…

Fiquei-me apenas pelo cigarro emprestado,

Sim, emprestado…

Porque Deus não dá nada a ninguém,

Nem as tuas palavras,

 

Mas eu,

Eu precisava de palavras,

De belas palavras,

Das mais belas palavras do infinito Universo…

E de verso em verso,

Não, hoje não consigo escrever-te um lindo poema antes que termine a noite…

E me apeteça lançar da Torre Eiffel e voar sobre a tua sombra…

 

Ausento-me do teu doce olhar

Sabendo que sobre esta folha em papel

Há uma única palavra

Uma só palavra;

Amo-te.

 

Ainda não gosto,

Não, não são as tuas palavras,

Que dentro de um cubo,

Existe uma lâmina de desejo…

Pronta a dilacerar o perfume da tua pele…

(o tipo está doido…)

(bravo, bravo…)

(oiço toda a plateia em uníssono…

Um abraço,

Parabéns…

Nem anos faço, hoje…

Palermas)

 

Ausento-me do teu doce olhar

Na ânsia claridade da noite

Depois de descerem da montanha

Os pássaros das três grandes ribeiras…

E abraço-te com um beijo

Enquanto lá fora…

Lá fora…

Esperam-me…

Para me apedrejarem…

Ou levarem-me para o manicómio…

Prefiro ser cremado,

Numa linda manhã de nevoeiro,

 

Não sei, meu amor,

Hoje, nada tenho a escrever-te de belo

A não ser que brevemente…

 

Terei a solução da equação de Deus.

 

 

 

29/06/2023

Francisco


 O comboio com destino à Madeira, descarrilou nas Berlengas, felizmente e com a graça de Deus estamos todos bem, a inflação continua nos dois dígitos, daqui a pouco é noite, acabei agora mesmo de acender todas as estrelas do céu…

Diria…, sim, estamos bem, estamos muito felizes.

Provavelmente vai haver luar,

Um porta-contentores vindo de Marte vai amarar junto ao cais dos silêncios…

E sim,

Estamos todos muito felizes…

Com a graça de Deus.

Ámen.

Gosto de pessoas sinceras, que dizem o que sentem,

E sentem o que pensam,

Como o luar…

Que sorri durante a noite…

E se esconde quando acorda o dia.

 

14 horas: só preciso de estar vivo e acordado por mais 30 horas

Apenas 108000 segundos…


 Em cada traço que semeias no papel,

Em cada traço a que dás vida…

E lhe dás um nome,

É um amigo que te visita durante a noite…

E conversa contigo…

Durante a noite.

Em cada traço que semeias durante o dia no papel…

É a voz que te abraça na solidão da noite…

Da solidão da insónia…

Também ela

Completamente só

 

 

 

29/06/2023

quarta-feira, 28 de junho de 2023

Silêncio de amar

 Amo-te…

Amo-te neste emaranhado de Primaveras em flor

Deste triste poema

Sem nome

Deste pobre poema em fome,

 

Amo-te…

Sabendo que apenas sou um conjunto de palavras

Palavras minhas

As nossas palavras,

Amo-te…

Na clandestinidade deste gigantesco Oceano

Dos vinhedos e dos socalcos

Esta minha pobre enxada

Que devasta a terra

E o medo de amar…

 

Amo-te…

Sem que eu saiba porque te amo…

E no entanto

Escrevo-te palavras…

As minhas palavras

Nas nossas tristes palavras,

 

Amo-te…

Amo-te dentro deste túnel de cansaço

Desta pobre avenida

Sem rimas para lançar ao mar…

Sem promessas de um abraço

Amo-te…

Como AL Berto o amava…

No silêncio do mar

Do silêncio de amar.

 

 

 

Alijó, 22/06/2023

Francisco Luís Fontinha

Viagem

 

Podia escrever nos teus lábios,

Amo-te,

Mas até isso deixei de fazer…

Já nem sei escrever,

Já nem sei viver…

Meu amor,

Podia desenhar nos teus olhos o mar,

A manhã a acordar…

Mas tão pouco sei desenhar…

Tão pouco…

Que já nada sei fazer...

Tão pouco,

Quando o vento me quer levar…

E eu…

Nada faço para que o vento não te leve,

E se o vento me levar,

Brevemente…

Serei certamente…

O poeta mais feliz do Reino de Deus.

 

 

 

 

28/06/2023

Os falsos das virtudes semeadas

 

Não tenho amigos

Amigas

Mas tenho uma folha em papel

Onde semeio coisas

Muitas coisas;

Aos falsos amigos

Às falsas amigas…

Que se fodam.

 

Um dia

Um dia pesará mais o meu caixão do que o meu próprio corpo…

Um dia

Qualquer dia

Terei mais poemas publicados

De que saudades…

Daqueles que se diziam…

Amigos.

 

Mesmo assim vou escrevendo coisas

Desenhando coisas

(tudo merda, diga-se)

Mas cada um faz o que pode…

E muitos

Nem fazem metade do que eu faço.

 

Não tenho amigos

Amigas

Mas tenho uma folha em papel

Onde semeio coisas

Muitas coisas;

Desenho o Inverno pincelado de paixão

Escrevo na mão

Que se fodam os amigos e as amigas

E voo sobre o mar…

 

Um dia

Qualquer dia…

Quando eu morrer…

Acordará a hipocrisia…

Das lágrimas

E da puta que os pariu

Que nunca mais os quero ver.

 

 

28/06/2023

Abelha amada

 

Meu pedacinho de mel,

Que aprisionas as minhas palavras,

Do teu silêncio fel,

Nas tristes madrugadas,

 

Nas alegres palavras,

Enquanto o sol dorme no teu olhar,

Das estrelas cansadas

Ao sofrimento mar,

 

Meu pedacinho de mel, poema madrugar,

Manhã acordada

Na maré amar,

 

Manhã cansada, manhã em sofrimento,

Meu pedacinho de mel, abelha amada,

Abelha do alegre pensamento.

 

Francisco

Madrugada

 

Tudo arde

Tudo arde dentro deste pedaço de nada

E no entanto

Desenho o fogo na minha mão…

Tudo arde

Tudo…

 

Tudo arde

E apenas o silêncio dorme…

Nada mais consegue dormir dentro de mim…

Os meus poemas suicidam-se ao nascer do dia

Os meus desenhos…

Esses…

Morrem envenenados pela luz das estrelas

 

E desta fogueira…

Apenas encontro as cinzas que a lua lançou ao mar

Numa triste manhã de Primavera…

Tudo arde

Tudo arde dentro deste pedaço de nada

E é tão lindo o fogo…

O fogo que consome a madrugada.

 

 

 

28/06/2203

terça-feira, 27 de junho de 2023

Tractatus Logico-Philophicus

 

Com quinze ou dezasseis anos comecei a consultar o “Tractatus Logico-Philophicus” de Ludwig Wittgenstein, o que eu procurava, ainda hoje não o sei, sei que passava noites quase abraçado a esse tratado sobre tudo, e nada do que eu precisava tinha.

Também, como referi à pouco, ainda hoje não sei o que procurava.

Consultava “Amor” e quase que levava com uma resma de equações matemáticas, de tratados e almas mortas de Gogol, e se é para ir para a fogueira, vamos então todos…

Também ainda não sei quem são e quantos são; alguns,

Tal como parte do manuscrito de “Almas Mortas” …

A minha mãe,

Fernando… marca uma consulta ao nosso filho, olha que ele não anda bem…

E claro que sim,

E depois de milhares de cartas escritas pelo Senhor Fernando António Nogueira para a sua grande amada,

A doce Ophelinha…

Não interessa…, deixei de receber cartas.

Quanto a mim, prefiro o Senhor Álvaro de Campos…, a tabacaria, a pequena dos chocolates, o Esteves…

Coitado do Esteves…, onde andará ele!

Deu-me trabalho, mas consegui convencer a minha mãe, que aquele calhamaço não era perigoso, e quase era irmão gémeo da Bíblia que ela tinha em cima da mesa,

Olhou-me,

Franziu o sobrolho,

Apelidou-me de Francisco…

E eu,

Já estou fodido; vou apanhar nos cornos.

A coisa passou, e eu todas as noites à procura no “Tractatus Logico-Philophicus” de qualquer coisa…,

E sabes, meu amor,

O senhor Álvaro de Campos tem algo de misterioso, não sei…

Tal como o que procurava naquele livro,

Nada.

Os anos passaram, ele acompanhou-me quase sempre, até quando fiz o serviço militar na Calçada da Ajuda,

Que de ajuda,

Nada,

Como aquilo que eu procurava.

Talvez procurasse um pássaro, talvez procurasse a insónia de uma pequena estrela de silêncio…,

E ainda não encontrei neste “Tractatus Logico-Philophicus” nada sobre Alhetas, que o calor que entra mais o calor gerado é igual ao calor que sai mais o calor acumulado…

E eu, meu amor,

De tanto calor…

Já nem sei se hoje é segunda-feira ou se amanhã é quinta-feira…, no entanto, recordo todas as palavras do Senhor Álvaro de Campos, e eu, de Tabacaria em Tabacaria, que deixei de comer chocolates para não ganhar peso, lá está ele,

O Esteves,

Coitado do Esteves,

E, no entanto, pareço o Esteves, à procura de um cigarro e que o vento me leve,

A minha mãe…

Estás bem, meu filho?

Já conversamos, quando eu regressar da lua...

Desenhava um abraço no meu rosto, e ficávamos horas a conversar sobre coisas; ela, que Deus era/é um ser maravilhoso, que ia sempre proteger-me de tudo e de todos…, coisa assim e coisa assado, e eu, eu perdia sempre porque não conseguia explicar o que existia antes da grande explosão na teoria do Big Bang, dava-lhe um beijo, e ia até à galáxia mais próxima.

Às vezes penso, e se tudo isto não existir.

E formas apenas um pedacinho de sono, em pequenos círculos…, na ponta de um elástico…, nas mãos de Deus?

Enquanto isso, ele…

Consulta o “Tractatus Logico-Philophicus” …

O Senhor Mário de Sá-Carneiro dispara o revolver na sua própria cabeça,

Aos vinte e seis anos…

Apetecia-me pedir ao Pacheco algumas das suas Pachecadas, e ir por aí…

Ir por aí a declamar os poemas de AL Berto.

E sabes, mãe…!

Está tudo no “Tractatus Logico-Philophicus”, de Ludwig Wittgenstein.

 

 

 

 

 

27/06/2023