O
tempo silencia os teus lábios de cereja adormecida,
Quando
a nuvem da manhã,
Poisa
docemente no teu sorriso;
Há
palavras na tua boca,
Que
absorvo com saudade,
E,
nada me diz, que amanhã será uma manhã enfurecida pela tempestade.
Subo
à sombra do teu olhar,
E,
meu amor,
O
cansaço da solidão deixou de acordar todas as manhãs.
Fumamos
cigarros à janela,
Dentro
de nós um volante de desejo,
Virado
para a clarabóia entre muitas janelas,
Portas
de entrada,
Escadas
de acesso ao céu,
E,
no entanto, o fumo alimenta-nos a saudade,
Porque
lá longe,
Um
barco de sofrimento, ruma em direcção ao mar.
É
tarde,
A
noite desce,
O
holofote do silêncio, quase imparável, minúsculo, visto lá de cima,
Ruas,
caminhos sem transeuntes, mendigos apressados,
Vagueando
na memória.
STOP.
O encarnado semáforo, cansado dos automóveis em fúria,
Correm
apressadamente para Leste,
Nós,
caminhamos para Oeste,
E,
nunca percebemos as palavras que as gaivotas pronunciam,
Em
voz baixa,
Com
os filhos ao colo,
Sabes,
meu amor?
Não.
Amanhã
há palavras com mel para o almoço,
Dieta
para o jantar,
E
beijos ao pequeno-almoço;
Gostas?
Das
nuvens da manhã?
Ou…
dos pilares de areia que assombram a clarabóia?
Nunca
percebi o silêncio quando passeia de mão dada com a ternura,
De
uma tarde junto ao rio,
Ele,
folheia um livro,
Ela,
tira retractos aos pássaros,
E,
porque te amo,
Também
vagueio,
Junto
ao rio,
Sem
perceber o meu nome,
Que
a noite me apelidou,
Depois
do jantar,
Numa
esplanada de gelo.
O
ácido come-me, a mim, às palavras, como a Primavera,
Num
pequeno quarto de hote,
Entre
vidros,
Livros,
Palavras,
E,
desenhos.
(aos
depois)
Nada.
Brutal.
Os
comprimidos ao pequeno-almoço.
Fim.
Amanhã,
novo dia, nova morada, beijos,
Cansaços,
Abraços,
E,
portas de entrada.
O
amor é luz.
O
amor são flores, árvores e, pássaros.
E
pássaros disfarçados de beijos.
Francisco
Luís Fontinha – Alijó
11/03/2020