Divulga Escritor –
Francisco Luís Fontinha
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terça-feira, 22 de julho de 2014
segunda-feira, 21 de julho de 2014
Inventa-me
Inventa-me,
desenha no meu corpo
as línguas de fogo que os teus lábios libertam,
escreve-me, escreve
em mim as palavras proibidas, as palavras falseadas,
invade-me,
faz de mim uma
equação trigonométrica,
soma-me, divide-me…
e multiplica-me,
mas… inventa-me,
no pecado mais
secreto do teu olhar,
Inventa-me,
no silêncio das
madrugadas,
inventa-me no
espelho onde escondes o teu rosto…
quando poisa a noite
sobre ti,
Inventa-me nas
catacumbas da insónia,
faz de mim a sombra
mais bela do amanhecer,
inventa-me,
como flor,
como abelha…
inventa-me e
acolhe-me na tua colmeia,
que eu seja o mel
dos teus sonhos,
que eu seja… a tua
invenção,
Inventa-me,
faz de mim pássaro,
barco… ou… ou avião,
não tenhas medo de
me inventar,
não, não tenhas
medo de me amar,
inventando-me,
escrevendo em mim os
números primos, ímpares… ou… ou pares,
inventa-me,
inventa-me sem
chorares!
Francisco Luís
Fontinha – Alijó
Segunda-feira, 21 de
Julho de 2014
domingo, 20 de julho de 2014
As sanzalas embalsamadas!
Aos dias ímpares,
as horas que me são roubadas por uma mão sem nome,
as sílabas
disparadas pela espingarda das sanzalas embalsamadas,
o meu corpo não
cessa no púlpito do cansaço, ele evapora-se, ele... ele
transforma-se em zinco lamaçal,
há uma criança
inventada, uma criança perdida na saudade...
aos dias ímpares,
as horas malvadas,
que alimentam a dor,
que... que engolem
todos os amanheceres,
e do meu corpo,
apenas o coração de pedra ficou adormecido na eira da poesia,
Aos dias ímpares, o
triste calendário envergonhado,
a desassossegada
fantasia de um texto alienado, quando arde na fogueira da tua pele,
uma cidade nos
espera, uma cidade em papel...
Aos dias ímpares,
as horas, os minutos, e os... e os milésimos de segundo,
alguns em liberdade,
e outros... e outros acorrentados a um envelhecido veleiro,
hoje não há vento,
hoje... hoje apenas
a límpida tarde de pano a soluçar sobre as árvores do triângulo
equilátero,
é este o meu Mundo?
ter uma cidade sem
candeeiros em desejo,
ser filho de um
desenho que o tempo apagou numa longínqua parede,
e contento-me com
todos os dias ímpares, as horas que me são roubadas...
E a tua mão... e a
tua mão, um dia, terá um nome, idade, raça, sexo... religião,
Aos dias ímpares, a
geometria na doçura da caligrafia,
um poema morto, um
poema descendo a calçada em direcção ao infinito...
e o meu corpo não
cessa no púlpito do cansaço...
E o poeta
permanecerá eternamente nas sanzalas embalsamadas!
Francisco Luís
Fontinha – Alijó
Domingo, 19 de Julho
de 2014
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