Quando as amarras se
desprendem da paixão e, o rio galga os socalcos da insónia.
Eles tiram-nos a vontade
de caminhar,
Mas nunca, nunca, nos
tirarão a razão de pensar.
O amor,
A paixão entre dois corpos
cerâmicos,
Quando dois lábios de
seda, ao nascer do sol, se entrelaçam na maré e,
Um finíssimo fio de chuva,
Dorme, docemente, na
cânfora manhã de ontem;
Sois vós, aqueles que me
apedrejam e, depois, vêm lamber-me o cu.
Os livros, dormem,
Todas as estátuas, dormem…
e,
Até as palavras, vejam
lá, também elas, dormem.
O circo,
Os palhaços de farrapos
que dormem na soleira das portas,
Também elas,
Todas,
Encerradas.
Querem que ele trabalhe,
estude, seja educado, obedeça.
Mas, obedecer, nunca.
Como os pássaros,
Livres pensadores do
destino,
Erva daninha dos caminhos
de areia,
Que depois,
Dormem, como as palavras
dele.
A paixão.
O orgasmo literário de um
pobre blog,
Uma simples fotografia de
um momento passado,
Cadernos mortos,
Corpos assados,
Na fogueira,
Da língua dos outros.
A boca, incha,
Morre de desgosto,
Sepultam-se os corpos
cerâmicos, na fogueira do incenso,
Morde as palavras e,
Grita; foda-se.
Os sete cavalos de aço,
As sete pernas de gesso,
Os setenta corvos da
madrugada,
Que o diabo deixou
acordar;
Foda-se.
Amanhã estará neve na
minha aldeia,
Um rio de sémen, em
demanda, correrá para o abismo,
Nascerá mais tarde uma
borboleta em papel,
Que o menino deixa
adormecer na sua mão.
Hoje, sábado, tarde manhosa,
triste,
Dançam as crianças à
volta da fogueira,
Pequenos livros, grandes
papeis,
Voam e, deixam em mim,
A cinza da tristeza.
Choram eles.
Gritam gemidos de ódio,
elas.
Como sabem, o amor é uma
pedra linda,
Que caminha junto ao rio;
Foda-se. A água salgada
da língua amaldiçoada.
Corpo,
Carne,
Sangue,
Pedaços de pedra,
Amuletos de nada…
São estas as brincadeiras
da sereia.
A mesma sereia, aquela
que dorme como um porco,
Num qualquer comício de aldeia.
Foda-se, amanhã não.
Fecha.
Abre as pernas, filho,
Porque o Governo te vai
foder.
E fode-nos, como fodem as
pedras todas as cabeças e cabeçudos do circo e,
Fode-nos, como todos os pregos
de aço que serpenteiam as manhãs de sábado.
Os secretos AMORES que
habitam esta casa,
Fecha.
Abre.
Fode-o profundamente como
que fode o próximo.
Come. Não come. Tem fome,
ninguém quer saber.
O gajo é fodido.
Escreve nas paredes da
insónia…
Estou farto desta merda.
Merda.
Foda-se.
Ponto final.
Paragrafo.
Amanhã, Domingo.
Hoje, um corpo suspenso
na avenida.
O poema, morre.
Como morreram todas as
palavras de há pouco;
A marmelada, fria,
Azeda ternura.
Os beijos.
A ferradura.
A mão de enxada na mão.
O polícia quase a vomitar
parágrafos e travessões…
“Felizes os convidados
para a ceia do Senhor…”
Que são poucos.
Bons companheiros de
tribunal.
Levanta-se o réu:
inocente, “senhou” Juiz.
Inocente.
Pernas, paus, picaretas,
todos à molhada,
Parecendo brinquedos em
plástico,
Que o tio “Celito” vende
nas ruas de Lisboa…
O cu amarelejado de
centeio,
A peida perfumada, quando
se senta na esplanada, assume que é apenas um pouco de raiva, a que sente ao
estar completo no signo mais estúpido do zodíaco.
Há fogo dentro dela.
Ardem palavras de
amêndoa, cornos descascados e,
Putas, muitas, na feira
da cidade.
Assim termina mais um
confinamento:
Fodam-se.
Francisco Luís Fontinha,
Alijó, 09/01/2021