Cáfila pétala teu nome
Abraço madrugada,
Dentro do silêncio, a
fome,
A fome do beijo
prometido,
Na boca sem nada.
(o homem perdido)
Percorre o corpo
camuflado de desejo,
Ao sabor do vento arisco,
Pede às palavras,
palavras de ensejo,
Num olhar nunca visto.
Sabe de antemão que tem
no seu jardim,
Flores, meu amor e,
palavras encantadas,
Papeis que voam dentro de
mim,
Depois da tarde madrugar,
Sou o homem perdido,
Perdido no mar;
Sou o homem das palavras
cansadas.
Minha flor de Orfeu,
Sorriso de menina,
Livros, cantigas e,
beijos adormecidos,
Poema teu,
Na tua mão que alguém lê
a sina,
E, sem o saber, alimenta
os pássaros endoidecidos.
Escrevo no teu corpo,
amar,
Cancão que o vento beija,
E, coloca nos teus
lábios, a serpente envenenada.
Amor, temos tudo como um
simples abraçar,
De quem a pedra aleija,
Dando à palavra, a seta
laminada,
E, ao homem perdido, a minha
flor de Orfeu;
Todas as palavras são
desejo,
Todas, menos a saudade,
Porque em cada beijo,
Existe uma flor sem maldade,
E, em cada flor sem
maldade,
Um beijo teu.
Francisco Luís Fontinha,
Alijó, 12/12/2020