ela
partiu numa manhã de neblina
levava
na bagagem a solidão dos dias e das noites acorrentada à minha mão
olhou-me
pela última vez
(alguma
vez te disseram que tens o coiso grande?)
Disse-me
adeus
E
quando alguém nos diz adeus é para sempre
Aos
poucos desapareceu na neblina
Sentei-me
num banco de pedra
Cruzei
os braços
Puxei
de um cigarro na esperança que alguém me oferecesse lume…
Pequei
num livro que ela me tinha oferecido no dos outros encontros furtivos
Sempre
em esconderijos
E
vi o mar deitado a meus pés
Que
mais eu poderia querer?
neblina
sentado
um
livro
e
uma ausência programada
a
falsa partida
o
dia mais feliz da minha vida
saltava
dançava
de alegria
esta
finalmente livre…
e
foi a manhã mais linda de Lisboa
num
qualquer Novembro cinzento e escuro
as
gaivotas poisaram sobre mim
transeuntes
sorriam-me e eu sorria-lhes
a
felicidade era tanta que tinha medo de ser mentira
felizmente
não
o era
tinha-me
libertado da menina mimada
Francisco
Luís Fontinha
sexta-feira,
8 de Abril de 2016