uma
flor em solidão
alicerça
o seu perfume no meu corpo rasgado pelas andorinhas
velhos
farrapos voam em direcção ao mar
sussurram
palavras desamadas
em
construção
no
papel em destruição
habita
o meu olhar
tenho
tudo
e
não tenho nada
tenho
uma mãe
tive
um pai
tenho
pão
livros
e
nada me falta
pego
nas esferográficas do amor
sou
feliz
deambulo
pelos jardins desta cidade envelhecida
não
tenho medo das tuas mãos
tenho
uma mãe
tive
um pai
nada
tenho
e
nada me falta
uma
flor em solidão
cravada
no peito
sangro
sinto
a dor dos Oceanos prateados
sinto
a dor dos barcos ancorados
escrevo
escrevo
nas velas de um velho veleiro
o
poema da flor em solidão
e
a morte separa-nos
eleva-se
ao decimo quinto andar esquerdo do silêncio
e
abraça-se no horizonte
e
dorme junto às tuas pálpebras de solidez paixão
Francisco
Luís Fontinha
sexta-feira,
1 de Abril de 2016
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