sexta-feira, 1 de abril de 2016

a flor em solidão


uma flor em solidão

alicerça o seu perfume no meu corpo rasgado pelas andorinhas

velhos farrapos voam em direcção ao mar

sussurram palavras desamadas

em construção

no papel em destruição

habita o meu olhar

tenho tudo

e não tenho nada

tenho uma mãe

tive um pai

tenho pão

livros

e nada me falta

pego nas esferográficas do amor

sou feliz

deambulo pelos jardins desta cidade envelhecida

não tenho medo das tuas mãos

tenho uma mãe

tive um pai

nada tenho

e nada me falta

uma flor em solidão

cravada no peito

sangro

sinto a dor dos Oceanos prateados

sinto a dor dos barcos ancorados

escrevo

escrevo nas velas de um velho veleiro

o poema da flor em solidão

e a morte separa-nos

eleva-se ao decimo quinto andar esquerdo do silêncio

e abraça-se no horizonte

e dorme junto às tuas pálpebras de solidez paixão

 

Francisco Luís Fontinha

sexta-feira, 1 de Abril de 2016

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