A
morte das palavras num qualquer musseque da insónia, as cinzas dos poemas
disfarçadas de sanzala sem dono, destino ou incómodo de sobreviver à pobreza, o
exilado texto além-fronteiras, os gritos, os gemidos da noite entre siderais e
abstractos retractos e o espelho do quarto, depois vem o amor, depois vem a
paixão, e nada mais do que isso
Ou
morte, de ti, às primeiras horas da madrugada,
Odeio
a noite, e nada mais do que isso nos nossos corpos, a distância das palavras,
mortas, numa lápide de saudade e o eterno amor, depois, ele, partiu para as
incandescentes ruelas do inferno, embrulhou-se nos lábios do sofrimento, tombou
no pavimento
O
espelho, cansado desta imagem prateada,
Tombou
no pavimento como se fosse uma abelha a ancorar à colmeia do sexo, o orgasmo
poético, a ejaculação da prosa em pequeníssimas lâminas de esperma, e eu…
sofrendo com a tua ausência programada, hoje, acordei acreditando que estavas
vivo, entre mim e em mim, olhei-te, perguntei por ti
E
o espelho fantasiado de vergonha, a alvorada não nasce, o dia promete ser uma
abstracta palavra, mota,
Perguntei
por ti, ouvia-te longinquamente sobre as árvores do nosso jardim, e os pássaros
poisados na nossa sanzala, o álbum de fotografias dos teus ossos, e percebi que
brincavas entre mabecos e gaivotas embalsamadas pela tristeza,
Palavra,
morta, ninguém à nossa porta,
Pela
tristeza e pelo silêncio… marchar, marchar…
Fui,
desisti…
(ficção)
Francisco
Luís Fontinha – Alijó
Domingo,
1 de Novembro de 2015