As rosas envenenadas que se escondem
nas palavras
escritas
em todas as madrugadas
entre espinhos e bocas aflitas
as rosas de ti
que os lábios em beijos de café com
natas
deambulam circularmente nas raízes dos
pássaros com asas de xisto
voando clandestinamente sobre os
socalcos do cansaço
mergulham no rio
e desaparecem na musicalidade poética
dos beijos
vêm tristemente apaixonadas as
palavras
que a noite esconde na algibeira dos
cigarros encostados às cinzas das árvores solitárias
erguem-se em mim de ti algumas sílabas
amargas
desejando voar nos teus olhos com
silêncios de mar
e cubos de vidro
com janelas de amêndoa e portas de
gelo
e o Douro em milhões de cores
vive sofregamente nas encruzilhadas das
imagens
negras que da garganta do poema
alimenta docemente os pilares de aço
da saudade.
(poema não revisto)