sábado, 20 de outubro de 2012

Beijos de café com natas


As rosas envenenadas que se escondem nas palavras
escritas
em todas as madrugadas
entre espinhos e bocas aflitas

as rosas de ti
que os lábios em beijos de café com natas
deambulam circularmente nas raízes dos pássaros com asas de xisto
voando clandestinamente sobre os socalcos do cansaço

mergulham no rio
e desaparecem na musicalidade poética dos beijos
vêm tristemente apaixonadas as palavras
que a noite esconde na algibeira dos cigarros encostados às cinzas das árvores solitárias

erguem-se em mim de ti algumas sílabas amargas
desejando voar nos teus olhos com silêncios de mar
e cubos de vidro
com janelas de amêndoa e portas de gelo

e o Douro em milhões de cores
vive sofregamente nas encruzilhadas das imagens
negras que da garganta do poema
alimenta docemente os pilares de aço da saudade.

(poema não revisto)

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