domingo, 21 de outubro de 2012

Carris da solidão


És construída de medos
enraizados nos silêncios azuis que a noite sem destino
tece nas palavras que habitam os poemas,

toco-te e acaricio o papel de veludo dos teus cabelos
dentro do sorriso das estrelas
no centro da cidade
sem perceber que choras
e estás triste
cansada talvez
talvez moribunda como os relógios empoleirados nas árvores de domingo
quando a tarde mergulha no espelho do guarda-fato,

escondes-te no quarto escuro
negro como o universo infinito
das rectas paralelas
os carris da solidão
abraços
beijos
um simples olhar nas persianas do teu peito
bate o teu coração sem destino
furioso porque estupidamente eu caminho sobre o mar invisível
construída de medos
silêncios muitos
beijos,

eu
eu o homem de palha com cabeça de vidro
perdido na margem do rio
à procura da tua mão
deliciosa no meu rosto embaciado pela neblina da paixão
o teu corpo estremece na terra húmida que o púbis da literatura
escreve na madrugada
sem olhar para a lua da tua boca.

(poema não revisto)

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