segunda-feira, 6 de agosto de 2012
domingo, 5 de agosto de 2012
As paredes da insónia
Eu acreditava
nas palavras de ti
sem perceber que em cada noite
desaparecia uma estrela no céu
hoje as palavras de ti
são fantasmas...
néons em magras sepulturas
que procuram a noite
nos caixotes de lixo da cidade
entre os parêntesis do entulho
e a vaidade
entre a saia bordalesa
e a vodka em beijos silenciosos aos cigarros proibidos
e deixei de acreditar nas palavras de ti
hoje as palavras de ti
são fantasmas...
imagens desfocadas
nas paredes da insónia.
nas palavras de ti
sem perceber que em cada noite
desaparecia uma estrela no céu
hoje as palavras de ti
são fantasmas...
néons em magras sepulturas
que procuram a noite
nos caixotes de lixo da cidade
entre os parêntesis do entulho
e a vaidade
entre a saia bordalesa
e a vodka em beijos silenciosos aos cigarros proibidos
e deixei de acreditar nas palavras de ti
hoje as palavras de ti
são fantasmas...
imagens desfocadas
nas paredes da insónia.
sábado, 4 de agosto de 2012
os voos nocturnos dos beijos
Implorei-te incessantemente que amasses as palavras construídas
incessantemente
que amasses as paixões sem cabeça dos meus cigarros
(rebentou o pneu da bicicleta)
e imaginavas-me como um pássaro
livre
e que voava até ao infinito
(rebentou o pneu da bicicleta e fiquei-me pelos socalcos do douro)
e voei e amei e voltei a voar e novamente desamei
construí sonhos de algodão
em pedaços de xisto
e pintei o sol nas miseras tardes de inverno
e quereis que eu tenha juízo?
Subi as cordas invisíveis do choro
e roubei uma rosa numa noite de Agosto
sentei-me no lago com cheiro a morgue
e aos poucos comecei a pegar na tua mão franzina
(e não peguei na tua mão)
desastradamente por engano dentro dos voos nocturnos dos beijos
peguei no livro que estavas a ler
imaginei-o como sendo a tua mão cor de malmequer
(Grande otário este gajo sem cabeça)
e quando pensava que tinha a mão dela dentro da minha
o pneu
o pneu estilhaçado
de socalco em socalco
de vinha em vinha
Implorei-te incessantemente que amasses as palavras construídas
incessantemente
que amasses as paixões sem cabeça dos meus cigarros...
mas a lua ficava tão longe!
incessantemente
que amasses as paixões sem cabeça dos meus cigarros
(rebentou o pneu da bicicleta)
e imaginavas-me como um pássaro
livre
e que voava até ao infinito
(rebentou o pneu da bicicleta e fiquei-me pelos socalcos do douro)
e voei e amei e voltei a voar e novamente desamei
construí sonhos de algodão
em pedaços de xisto
e pintei o sol nas miseras tardes de inverno
e quereis que eu tenha juízo?
Subi as cordas invisíveis do choro
e roubei uma rosa numa noite de Agosto
sentei-me no lago com cheiro a morgue
e aos poucos comecei a pegar na tua mão franzina
(e não peguei na tua mão)
desastradamente por engano dentro dos voos nocturnos dos beijos
peguei no livro que estavas a ler
imaginei-o como sendo a tua mão cor de malmequer
(Grande otário este gajo sem cabeça)
e quando pensava que tinha a mão dela dentro da minha
o pneu
o pneu estilhaçado
de socalco em socalco
de vinha em vinha
Implorei-te incessantemente que amasses as palavras construídas
incessantemente
que amasses as paixões sem cabeça dos meus cigarros...
mas a lua ficava tão longe!
O inventor do sono
Foi ele que inventou o sono
e os folhados de insónia do amor
foi ele que pintou as árvores no jardim da saudade
e também foi ele que construiu a noite
foi ele que desenhou pássaros de papel
nas árvores pintadas no jardim da saudade
foi ele que trouxe as palavras que viviam nos corações apaixonados
depois das tempestades de verão
foi ele que inventou o sono
de insónia do amor
foi ele que subiu as escadas até ao sótão das ruas de Luanda
sentou-se sobre uma pedra junto a um charco
olhou em redor os musseques
e desapareceu entre o fumo da fogueira da morte...
e os folhados de insónia do amor
foi ele que pintou as árvores no jardim da saudade
e também foi ele que construiu a noite
foi ele que desenhou pássaros de papel
nas árvores pintadas no jardim da saudade
foi ele que trouxe as palavras que viviam nos corações apaixonados
depois das tempestades de verão
foi ele que inventou o sono
de insónia do amor
foi ele que subiu as escadas até ao sótão das ruas de Luanda
sentou-se sobre uma pedra junto a um charco
olhou em redor os musseques
e desapareceu entre o fumo da fogueira da morte...
sexta-feira, 3 de agosto de 2012
Milimetricamente prisioneira dos teus olhos
Do sossego mísero cansaço de caminhar sobre a neblina da tua pele milimetricamente
prisioneira do espelho da casa de banho
os teus olhos mergulhados no desejo das flores imperfeitas
às nuvens de chocolate suspensas no púbis das tardes de outono
os livros
e as palavras
a terra húmida diluída nas veias da tempestade
abrem-se as portas da morgue
olhas o meu corpo sobre o mármore da infância
ao pequeno-almoço
a poesia da tua pele milimetricamente
prisioneira do espelho da casa de banho
oiço-te nas palavras
os livros
e as palavras
o arco da corda suspenso na árvore
que em jejum percorre a tua pele milimetricamente
prisioneira do espelho da casa de banho
termina a vida
e todos os males que infestam as florestas
olhas o meu corpo sobre o mármore da infância
ao pequeno-almoço
e uma gaivota não se cansa de chorar
sobre o meu peito
onde alguém durante a noite
plantou um embondeiro
com uma cabeça de vidro
e mãos de sonho
platonicamente me abraças
e escreves o meu nome na areia invisível da tarde.
prisioneira do espelho da casa de banho
os teus olhos mergulhados no desejo das flores imperfeitas
às nuvens de chocolate suspensas no púbis das tardes de outono
os livros
e as palavras
a terra húmida diluída nas veias da tempestade
abrem-se as portas da morgue
olhas o meu corpo sobre o mármore da infância
ao pequeno-almoço
a poesia da tua pele milimetricamente
prisioneira do espelho da casa de banho
oiço-te nas palavras
os livros
e as palavras
o arco da corda suspenso na árvore
que em jejum percorre a tua pele milimetricamente
prisioneira do espelho da casa de banho
termina a vida
e todos os males que infestam as florestas
olhas o meu corpo sobre o mármore da infância
ao pequeno-almoço
e uma gaivota não se cansa de chorar
sobre o meu peito
onde alguém durante a noite
plantou um embondeiro
com uma cabeça de vidro
e mãos de sonho
platonicamente me abraças
e escreves o meu nome na areia invisível da tarde.
quinta-feira, 2 de agosto de 2012
O papel de tristeza com cores de insónia
Ao som inconstante das estrelas poisadas no céu inexistente e falso
em papel de tristeza
com cores de insónia
o som da tua voz
os teus livros e papeis e momentos junto à ribeira
o som da tua voz
escrita na sombra que alimenta as gargantas da neblina
com cores de insónia
a memória
da escrita sem palavras no desejo do teu corpo em delírio
demito-me de teu amante ausente
eu abaixo assinado juro solenemente pela minha honra acariciar o teu corpo de alface
com olhos de morango
e mamas de chocolate
o som da tua voz
em delírio
o teu corpo voa nos píncaros emagrecidos da loucura
ao desejo impugnado pelas mãos calejadas da lua
sirvo-me da sombra que serve para esconder Marroquinos
prostitutas vestidas de marinheiro
e capitães de areia
sem estandarte nem coragem de suicídio
e dou-me conta de o meu corpo são duzentos e seis ossos com óculos de sol
e ao peito
o crucifixo de infância que mais tarde deixei numa loja de penhores
para
para comprar heroína e papel de alumínio
para fumar quando passavam os barcos
regressados de ontem
com partida para amanhã
puxo de um cigarro
e sirvo-me da sombra que serve para esconder Marroquinos
prostitutas vestidas de marinheiro
e capitães de areia
para alimentar o meu vício de contar pássaros durante a noite.
em papel de tristeza
com cores de insónia
o som da tua voz
os teus livros e papeis e momentos junto à ribeira
o som da tua voz
escrita na sombra que alimenta as gargantas da neblina
com cores de insónia
a memória
da escrita sem palavras no desejo do teu corpo em delírio
demito-me de teu amante ausente
eu abaixo assinado juro solenemente pela minha honra acariciar o teu corpo de alface
com olhos de morango
e mamas de chocolate
o som da tua voz
em delírio
o teu corpo voa nos píncaros emagrecidos da loucura
ao desejo impugnado pelas mãos calejadas da lua
sirvo-me da sombra que serve para esconder Marroquinos
prostitutas vestidas de marinheiro
e capitães de areia
sem estandarte nem coragem de suicídio
e dou-me conta de o meu corpo são duzentos e seis ossos com óculos de sol
e ao peito
o crucifixo de infância que mais tarde deixei numa loja de penhores
para
para comprar heroína e papel de alumínio
para fumar quando passavam os barcos
regressados de ontem
com partida para amanhã
puxo de um cigarro
e sirvo-me da sombra que serve para esconder Marroquinos
prostitutas vestidas de marinheiro
e capitães de areia
para alimentar o meu vício de contar pássaros durante a noite.
quarta-feira, 1 de agosto de 2012
Completamente só penso eu
Não são reais as fotografias onde habito
e percebi que eu pertenço a um álbum
onde apenas o meu rosto abre-se aos silêncios
dos olhos camuflados do nitrogénio
percebi quando folheio as páginas emagrecidas dos aniversários em tristeza
que aquele miúdo com ar aparvalhado
deitado num carrinho de bebé
não sou eu
(ranhoso sem cabelo e chorão)
não sou eu
que cresci dentro de um álbum completamente só
(Não são reais as fotografias onde habito
e percebi que eu pertenço a um álbum
onde apenas o meu rosto abre-se aos silêncios
dos olhos camuflados do nitrogénio)
completamente só penso eu
porque nunca me lembro de dar a mão a quem quer que seja
ou
ou simplesmente a afagar o cabelo de uma árvore em silêncio
e acorda a noite
e a noite me afaga o cabelo
e a noite me ouve
e a noite me deseja
entre palavras cigarros e garrafas de vodka
e o papel de parede da insónia
nunca me esquece
e antes de eu adormecer
dá-me um beijo simplesmente no rosto que nunca foi meu
e vive
e vive dentro de um álbum de fotografias
com alguns pedacinhos de cola
e percebo que o mar
o mar e percebo
e percebo que nunca existiu o mar
e que eu não sou aquele ranhoso
raquítico
chorão
tinhoso
na fotografia com um crucifixo ao peito...
e percebi que eu pertenço a um álbum
onde apenas o meu rosto abre-se aos silêncios
dos olhos camuflados do nitrogénio
percebi quando folheio as páginas emagrecidas dos aniversários em tristeza
que aquele miúdo com ar aparvalhado
deitado num carrinho de bebé
não sou eu
(ranhoso sem cabelo e chorão)
não sou eu
que cresci dentro de um álbum completamente só
(Não são reais as fotografias onde habito
e percebi que eu pertenço a um álbum
onde apenas o meu rosto abre-se aos silêncios
dos olhos camuflados do nitrogénio)
completamente só penso eu
porque nunca me lembro de dar a mão a quem quer que seja
ou
ou simplesmente a afagar o cabelo de uma árvore em silêncio
e acorda a noite
e a noite me afaga o cabelo
e a noite me ouve
e a noite me deseja
entre palavras cigarros e garrafas de vodka
e o papel de parede da insónia
nunca me esquece
e antes de eu adormecer
dá-me um beijo simplesmente no rosto que nunca foi meu
e vive
e vive dentro de um álbum de fotografias
com alguns pedacinhos de cola
e percebo que o mar
o mar e percebo
e percebo que nunca existiu o mar
e que eu não sou aquele ranhoso
raquítico
chorão
tinhoso
na fotografia com um crucifixo ao peito...
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