sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Milimetricamente prisioneira dos teus olhos

Do sossego mísero cansaço de caminhar sobre a neblina da tua pele milimetricamente
prisioneira do espelho da casa de banho
os teus olhos mergulhados no desejo das flores imperfeitas
às nuvens de chocolate suspensas no púbis das tardes de outono
os livros
e as palavras
a terra húmida diluída nas veias da tempestade
abrem-se as portas da morgue
olhas o meu corpo sobre o mármore da infância
ao pequeno-almoço
a poesia da tua pele milimetricamente
prisioneira do espelho da casa de banho

oiço-te nas palavras
os livros
e as palavras

o arco da corda suspenso na árvore
que em jejum percorre a tua pele milimetricamente
prisioneira do espelho da casa de banho

termina a vida
e todos os males que infestam as florestas
olhas o meu corpo sobre o mármore da infância
ao pequeno-almoço
e uma gaivota não se cansa de chorar
sobre o meu peito
onde alguém durante a noite
plantou um embondeiro
com uma cabeça de vidro
e mãos de sonho
platonicamente me abraças
e escreves o meu nome na areia invisível da tarde.

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