(Francisco
Luís Fontinha)
O
amor entre quatro paredes em vidro
Pincelado
por um louco,
O
amor de tão pouco…
Em
nada satisfaz a luz da solidão,
Um
coração dilui-se na madrugada semeada nas palavras,
O
livro que o louco tem na mão…
Arde
como ardem os cigarros das quatro paredes em vidro,
Esqueci
como era o mar,
Esqueci
como enferrujado está o meu corpo,
Sem
perceber a mendicidade nocturna das pontes entrelaçadas nos petroleiros do
luar,
O
meu relógio cessou de gritar,
Afogou-se
numa esplanada de vento…
Quando
o rio brinca nos meus lábios,
Sinto-te
correndo em direcção às quatro paredes em vidro,
Escondes-te
no meu peito,
Sofres,
E
não sabes o nome da minha cidade,
O
amor de tão pouco…
Louco
travestido de alvenaria,
Entro,
sento-me… e fico até encerrar a livraria,
A
paixão é uma tempestade de saudade,
E
nunca sei se hoje há literatura nas tuas coxas,
E
nunca sei se hoje há coxas embrulhadas em literatura…
Porque
tu és um quarto escondido entre quatro paredes em vidro.
Francisco
Luís Fontinha – Alijó
Quarta-feira,
12 de Agosto de 2015