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quarta-feira, 12 de agosto de 2015

O amor de tão pouco…

(Francisco Luís Fontinha)
 
 
O amor entre quatro paredes em vidro
Pincelado por um louco,
O amor de tão pouco…
Em nada satisfaz a luz da solidão,
Um coração dilui-se na madrugada semeada nas palavras,
O livro que o louco tem na mão…
Arde como ardem os cigarros das quatro paredes em vidro,
Esqueci como era o mar,
Esqueci como enferrujado está o meu corpo,
Sem perceber a mendicidade nocturna das pontes entrelaçadas nos petroleiros do luar,
O meu relógio cessou de gritar,
Afogou-se numa esplanada de vento…
 
Quando o rio brinca nos meus lábios,
Sinto-te correndo em direcção às quatro paredes em vidro,
Escondes-te no meu peito,
Sofres,
E não sabes o nome da minha cidade,
O amor de tão pouco…
Louco travestido de alvenaria,
Entro, sento-me… e fico até encerrar a livraria,
A paixão é uma tempestade de saudade,
E nunca sei se hoje há literatura nas tuas coxas,
E nunca sei se hoje há coxas embrulhadas em literatura…
Porque tu és um quarto escondido entre quatro paredes em vidro.
 
Francisco Luís Fontinha – Alijó
Quarta-feira, 12 de Agosto de 2015
 

terça-feira, 29 de maio de 2012

Orgia na livraria

simetricamente encerrado
nas torradas e no chá com pimenta
às portas da urna de vidro
onde habita a saudade

a marquise doente
tosse febre rouquidão
(malditos cigarros)
lamenta-se o coveiro
levanta-se a urna de vidro
e pede um poema de menta
e um cinzeiro
(AI) ouve-se do interior da padaria

a menina de mini saia
a gritar
fujam fujam fujam...
há orgias
dentro da livraria

quem diria
(AI)

a livraria cansada
com mãos de página de revista
ou rolo de papel higiénico

fujam fujam fujam

quem diria
(AI AI AI)

quem diria
que um dia
dentro da livraria
eu ia
eu ia encontrar um livro em orgia.