Sinto-te
Nesta
jangada invisível
Do
sofrimento
O
cansaço
À
palavra
Na
tua mão
Entre
cidades
Rios
Pontes
Os
olhos
Fundeados
nos rochedos da solidão
O
prateado silêncio
Só
Nas
paredes do sono
O
poema inventado
Pela
árvore adormecida da tristeza
Sinto-te
misturada nas ardósias tardes de Primavera
Não
chove
Há
nos teus lábios
O
sorriso do luar
E
os sonhos
Do
mar
Lá
longe
Perdido
Nos
sofridos barcos de esferovite
Os
peixes e as gaivotas
Poisadas
no teu corpo
Alimentado
pelo meu olhar
Voas
Foges
Levantas-te
de madrugada
E
regressas ao endereço desconhecido
Devolvida
por endereço insuficiente
A
noite
E
As
estrelas de papel
Sinto-te
Nas
arcadas manhãs em liberdade
Sinto-te
nas sanzalas esquecidas
Sobrevoando
o capim da memória
A
casa distante dos teus braços
As
janelas do teu cabelo
Sós
Nós
Entre
socalcos
E
E
marfim
Ao
pequeno-almoço
Sinto-te
Nos
horários ensanguentados do pêndulo amortecido
Uma
lagarta de aço
Em
curvilíneas convulsões
O
medo
O
amor aprisionado ao medo
De
partir
Regressar
Sem
bagagem
Sós
Numa
eira sem asas
Esperando
o acordar das estátuas
As
lagartas da insónia
Os
muros amarelos de um triste Calçada
O
estuário dos teus seios contra as marés de prata
Sinto-te
E
sinto-te nas páginas em branco
Do
ciúme
Teu
Amanhã
Sinto-te
Sentir-te
Nos
lençóis da paixão
Como
sentia em criança os palhaços nas mangueiras do meu quintal…
Francisco
Luís Fontinha – Alijó
Domingo,
12 de Abril de 2015