domingo, 28 de outubro de 2012

O perfume dos cigarros sem nome


Desenhava as espadas do inferno
nas húmidas janelas que as fotografias inventavam
na claridade poeirenta dos dias em solidão
e os corações de vidro
choravam em sílabas de sangue misturados às vezes na obscuridade
das palavras que a saudade alicerça no silêncio pequeno-almoço,

No peito esverdeado pela nascença de uma nova flor
abriam-se-lhe todos os espinhos da infância adormecida
no pilares de madeira que a noite come
abriam-se-lhe os poemas escondidos nas mãos de nevoeiro
que o amor escreve no cadáver da tarde dentro do rio sem barcos de papel,

Desenhava as espadas do inferno
como se as estrelas suspensas nos jazigos imaginários
escondessem verdadeiramente os duzentos e seis ossos de mim
pedaços de xisto mergulhados nas lágrimas
que os lábios de desejo
constroem sentados nas cadeiras de cartão
oferecidos pela loucura manhã de domingo
e nas longínquas taças de champanhe com bolinhas encarnadas
os disfarces de Marilú no poeirento espelho caquéctico da cave com grades em gemidos
e o perfume dos cigarros sem nome
em busca do sítio encantado das árvores azuis e nuvens de chocolate
que o poema esconde na garganta do boneco de palha.

(poema não revisto)

Teorema do amor


Atravesso a planície do teu olhar
com as sombras infinitas que a noite constrói
nas rochas salgadas do teu peito
do mar tua mão que dói
a saliva maré sem jeito
e a manhã se destrói
dentro das árvores imperfeitas
malignas palavras de amar
na boca da mulher as flores contrafeitas
pintadas de luar
atravesso a planície do teu olhar
e o meu coração dorme sem perceber o teorema do amor.

(poema não revisto)

sábado, 27 de outubro de 2012

Gritos uivos dos gemidos cansaços


O muro da paixão submerso nos alicerces das pequeníssimas gotinhas de luz
deitadas sobre a mesa-de-cabeceira
é sexta-feira e todas as coisas morrem quando acorda o dia
mergulhado na solidão aprisionada no sótão da casa,

Ouvem-se gritos uivos dos gemidos cansaços
dos sexos dilacerados nas nuvens de algodão
que a feiticeira rosa de sorriso encarnado
desenhou na areia fictícia que os cortinados escondem na algibeira dos sonhos,

O muro constrói-se de palavras e folhas de papel timbrado
com as insígnias íris do louco apaixonado pelas árvores sem soutien
descem da alvorada sifilítica as manhãs sem poesia
dos livros escondidos e proibidos pelos desejos dos relógios de pulso...

(poema não revisto)

Os jardins da saudade no meu peito de vidro


Levaste o coração de pedra
que se escondia no meu peito de vidro
agora sou um rio sem rochas
e quando aporta a noite nos meus olhos sem luar
sinto o vento esconder-se nas cavidades invisíveis da minha boca
como se as abelhas do oceano
sorrissem às esplanadas cansadas da velhíssima rua das janelas apodrecidas de tédio
e as mini saia cor da Primavera nos livros do segundo esquerdo,

Às coxas do poema vêm os milímetros cúbicos de desejo
que as mãos de um louco desenham no círculo verde
sobre a porta de entrada,

Há flores moribundas em processo de despedimento nos jardim da saudade
o chocolate lábio ao beijo no cardápio das sílabas enfeitadas com laços de mel
e sombras de silêncios no quintal da infância
um barco rompe debaixo das mangueiras a claridade da paixão
morta a paixão
sobejando os ossos do amor
e as palavras em lápides de cartão
no meu peito de vidro.

(poema não revisto)

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Mágoa cansada noite de Outono


Não tenho nada para te oferecer
mágoa cansada noite de Outono
não tenho luzes que iluminem a tua boca em desespero
luar emagrecido sem destino das clareiras adormecidas
não tenho nada
meu amor em traços oblíquos dos beijos alimentados pelas cicatrizes do orvalho
quando deixo aberta a janela da morte
e sobre a mesa da doença
acorda o magro esqueleto da paixão
nas paredes frias e nuas da tua pele
e crescem as lágrimas enfeitiçadas das mãos assustadas que o vento constrói
no cais lento da despedida,

Não tenho nada dentro do meu peito
e o meu coração é um pedaço de xisto
odiado por uns
esquecido por tantos míseros desejos
nas majestosas tardes abraçado ao rio
não tenho nada para te oferecer
nem paixão
nem telas com muitas cores
nem as palavras poema
ou os poemas canção
na mágoa cansada noite de Outono
que inventa a tua boca.

(poema não revisto)

Despedida paixão impedida madrugada sem sentido


Em mim as chamas invisíveis dos vulcões imaginados
pelas árvores sem amanhecer
crucificadas nas fotografias do vento,

Em mim as cordas ondulantes que amarram os oceanos
às tábuas inclinadas da paixão
antes de adormecer,

Em mim a noite disfarçada de lua
com fios de água
nos lábios de incenso
às janelas cansadas que a cidade alimenta,

Em mim a tua boca em palavras
embrulhada nas vogais de algodão
e sílabas de mel
como se a infância regressasse do abismo infinito da terra amedrontada,

Em mim todas as coisas belas
e menos belas
na terra húmida do amor
em mim
para ti flor queimada na cintilante
madrugada
o meu beijo de despedida
e mais nada...

(poema não revisto)

Olhos lacrimejantes


Era noite e dentro do caderno preto
saltitava o rio ensanguentado
com as palavras desiludidas
na manhã chuvosa e fria,

O espelho dos silêncios
entranha-se no meu peito ferido
dorido
pelas sílabas abandonadas,

Salgadas
as tuas palavras de sofrimento
na minha boca doce,

Alimento
minhas cansadas mão de cetim
com o vento dos teus olhos lacrimejantes.

(poema não revisto)

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Neblina do primeiro amor


Diziam que ele atravessava as paredes da insónia
quando os holofotes da fome desciam sobre o leito de madeira
e pedacinhos de xisto embrulhados em lágrimas de incenso,

Havia frestas nos silêncios pegajosos dos beijos em construção
desmesuradamente cansados da ausência tempestuosa dos sorrisos envergonhados
das rosas vermelhas em perfume cintilante com bolinhas cor de amêndoa,

Diziam que ele conversava com as sombras da cidade
e bebia o suor do rio solitário escondido nas ilhargas flutuantes do sono,

Diziam que ele era homem em corpo de mulher
à procura dos paralelepípedos da Ajuda
e cerrava os olhos
e escondia as lágrimas dentro da neblina do primeiro amor...

(poema não revisto)

A serpente feiticeira da paixão


Amargas as mandíbulas da paixão
na boca expressa da serpente feiticeira
os olhos desmesuradamente em direcção ao infinito
no silêncio da água ribeira,

As palavras comem as sombras do rodapé da algibeira
quando os sonhos brincam na madrugada
da serpente feiticeira
sereia carícia dos lábios da aldeia abandonada,

Amargas as mandíbulas da paixão
entre flores e beijos em cadências amanhecer
na boca o coração
em gemidos de prazer.

(poema não revisto)

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Beijos da tua boca em desenhos de açúcar


O corpo solidifica-se nas nuvens de açúcar
das películas transparentes que brincam infinitamente
nas ondas cansadas do mar,

Preciso urgentemente das palavras do orvalho
que nas noites de inverno
as canções de silêncio apaixonado
transportam o vento às algibeiras do sonho,

Caiem sobre mim as luzes selvagens da cidade
nas damas de corações emagrecidos pela solidão da vida amarga e desmedida
que cresce nas madrugadas dos olhos do ciúme
saltitando de socalco em socalco,

O corpo solidifica-se nas entranhas sombras do amor
quando baixinho murmuras AMO-TE
e fico impacientemente sentado nos lábios do teu sorriso
para desenhar beijos na tua boca.

(poema não revisto)