Odeio
a alvorada
em
descidas bruscas
quando
oiço no longínquo amanhecer
o
cantar dos pássaros,
regressa
o silêncio,
ergue-se
a morte do esconderijo da montanha
sem
que tu percebas o significado de envelhecer…
odeio
a alvorada
no
meu pulso transversal
escrito
no quadriculado papel da ausência,
e
da loucura do teu olhar
que
também odeio
aparecem
as imagens prateadas do sono…
odeio
a alvorada
em
descidas bruscas
no
alpendre tua solidão,
a
seara arde,
a
centeio aconchega-se no teu colo
como
uma criança perdida,
desorientada
e
triste,
odeio,
odeio
a alvorada
que
traveste o teu sorriso de grinalda
quando
lá fora chove torrencialmente,
a
as lágrimas são pedacinhos de sombra
galgando
o areal,
odeio
a alvorada
em
descidas bruscas
quando
oiço no longínquo amanhecer
a
pobreza de viver,
e
não sentindo…
sentir
o sofrer.
Francisco
Luís Fontinha
terça-feira,
1 de Novembro de 2016