A todos aqueles que desenham sorrisos
em pergaminhos tristes, às vezes cansados e desiludidos. Obrigado.
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terça-feira, 11 de março de 2014
Concerto Solidário dos 40 anos do IPO-Porto!
segunda-feira, 10 de março de 2014
Melanoma
Às fingidas rosas do meu envelhecido
jardim,
às árvores envelhecidas do meu
envelhecido jardim,
aos pássaros do meu envelhecido jardim
e que infestam o meu corpo de sons estúpidos,
sangrentos,
como o amanhecer do teu olhar,
À Primavera que quase a regressar...
eu não a sinto,
porque o meu envelhecido corpo que
habita no meu envelhecido jardim... morreu,
voa ente noites de prazer e poesia...
sem o saber,
e palavras que não consigo assassinar,
se eu pudesse... matava-a... à maldita
“melanoma”,
Se eu pudesse, se eu quisesse... o meu
envelhecido corpo que habita o meu envelhecido jardim...
transformava-o em poéticos melódicos sorrisos,
mas não,
não a consigo assassinar,
nem tão pouco me apetece escrevê-la,
Às formigas do meu envelhecido jardim
onde pernoita o meu envelhecido corpo,
sinto-o como se fosse uma âncora de
papel sobre os ombros de um feliz travesti,... embriagado com a
beleza do espelho mágico de uma Lisboa enfeitada com envelhecidos
jardins e envelhecidos corpos... todos... todos embriagados,
sonolentos,
como as nuvens cinza dos cinzeiros de
lata,
como... como os meus cigarros que
dormem numa esplanada vagabunda, sós, sós... como eu,
Aos sinos da Igreja do meu envelhecido
jardim onde habita o meu corpo em jejum,
lágrimas para quê?
às palavras que resisto em não
escrever, como amar, ou... rezar,
e se eu a pudesse assassinar...
rezava... rezava até não me cansar...
Francisco Luís Fontinha – Alijó
Segunda-feira, 10 de Março de 2014
domingo, 9 de março de 2014
sofridos beijos
foto de: A&M ART and Photos
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os sofridos beijos da aranha madrugada
cansada
os sofridos beijos da mulher amada
as flores poisam nela como o diáfano
pergaminho embalsamado
coitada
nas pálpebras do triste amanhecer
e sem querer... ou sofrer
espera desesperadamente pelo amado
o homem de papel com olhos de luar
os sofridos beijos na penumbra noite em
sofrimento
há nela um punhado sorriso de mar...
e de amar... ama as carícias do vento.
Francisco Luís Fontinha – Alijó
Domingo, 9 de Março de 2014
Boneca de porcelana
foto de: A&M ART and Photos
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Aparecias no descampado morro da
solidão,
trazias vestido o perfume da paixão,
e nos seios a cansada poesia do louco
poeta,
depois... depois desaparecias na
escuridão de uma porta sem fechadura,
deixavas-me suspenso nas amoreiras do
desejo,
e entre um beijo,
e entre a saliva do silêncio...
nada mais do que a tua sombra
transposta como a matriz ranhura,
ouvíamos o mar galgar as tempestades
da tua pele,
e pergaminhos de suor, pequenas
gotículas de gemidos ais...
alicerçavam-se à minha mão
descarnada, como uma árvore esquecida na madrugada,
e percebia de ti as inconstantes
locomotivas do amor,
(tínhamos dentro de nós o beijo e as
sílabas desenfreadas com dentes afiados,
não havia em nós as coloridas paredes
de verniz,
não havia em nós os sonâmbulos cubos
do amanhecer...
e mesmo assim, quase sempre,
desejava-te como a caneta de tinta permanente deseja o papel nu,
ausente,
de ti, de mim... de nós, quando se
acendiam os candeeiros das avenidas com palheiros de prata)
Aparecias, e desaparecias...
acorrentada a uma fotografia junto ao
lago com cisnes circulares e olhos de noite,
procurávamos nas janelas das camas
ensonadas os cortinados do Adeus,
ausentávamos-nos, e regressávamos
anos depois...
tudo como dantes, tudo tão igual em
pequenas fotocópias de prazer,
e sentíamos em nós os tristes pilares
do edifício amarelo,
descíamos as escadas, íamos à cave
dos sótãos com zincados tectos, e sabia que habitava em ti a fuga,
fugias, regressavas... e quando me apercebia, lá estavas tu sentada
em mim,
eu era a tua estátua de marfim,
e entre lágrimas e alguns poemas...,
nada nos pertencia,
tínhamos dois corpos ancorados aos
rochedos de Belém,
e entretínhamos-nos a contar os
comboios em corridas apressadas para Cascais,
e depois..., e depois adormecias nos
meus braços como uma boneca de porcelana...
Francisco Luís Fontinha – Alijó
Domingo, 9 de Março de 2014
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