quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Infinitos Oceanos de luz


Não há drageia

Nem poesia que me valha,

Entrelaçávamos as mãos nos infinitos Oceanos de luz,

Caminhávamos como crianças sobre as pedras invisíveis da carícia,

E tu olhavas-me quando eu ficava transparente,

Simples,

E ausente,

Voava abraçado às gaivotas,

Fotografava com o meu olhar os barcos de papel

Em velozes corridas contra o vento,

Um dia, despareci da tua sombra…

Subi os degraus do desejo,

Alicercei-me às tuas coxas salgadas…

E sentia os teus ossos na margem do rio onde nos sentávamos,

Tive medo,

Porque descia a noite sobre os nossos ombros,

E quando acordava a noite…

Ficávamos agachados junto aos beijos hipnotizados,

Dormíamos,

Dançávamos à janela com retractos para o Tejo,

A ténue velhice levava-nos para as ilhas rochosas da solidão,

Hoje…

Pareço um pedaço de aço

Esquecido numa qualquer sucata,

E espero,

E espero o regresso do forno…

E novamente serei um esqueleto nas mãos dos infinitos Oceanos de luz,

E espero… espero pela tua mão iluminada.

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Quinta-feira, 20 de Agosto de 2015

Francisco Luís Fontinha - Agosto/2015


Francisco Luís Fontinha - Agosto/2015

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Equação do esquecimento


Uma equação morre no quadriculado papel da insónia,

Tenho parábolas entranhadas no peito,

Acaricio o foco…

Abraço a directriz,

Aos poucos sinto os traços do amor entre lágrimas de giz

E pedacinhos de ausência,

As curvas planas deambulam sobre o meu cabelo,

Oiço o ranger da madrugada

Na algibeira de um ardina,

As palavras… voam em direcção ao mar,

Uma cigana lê-me a sina…

Coitada… coitada da geometria

Cravada no silêncio da vida,

Coitada da cigana… embrulhada na sombra de uma triste avenida,

Coitado de mim…

Esquecido numa seara de incenso,

Penso,

Não penso,

Sinto em ti o difícil sorriso caindo do alto da montanha,

Ela, a cigana, corre, corre… e ninguém a apanha,

Estou farto da poesia,

E dos sonhos encastrados aos rochedos do medo,

O sono fugiu de mim,

Partiu para outro continente…

Não me levou,

E fiquei só,

Com esta equação no quadriculado papel da insónia…

Vivo,

Respiro,

E fumo… e fumo noites de agonia.

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Quarta-feira, 19 de Agosto de 2015

Francisco Luís Fontinha​ / Agosto_2015