Imagino este cálice de vinho
Só
Sozinho,
Imagino o teu corpo nas
pétalas do vento
Quando junto ao mar,
Dorme o meu filho barco,
Sento-me,
E imagino-o voando sobre
os quintais de Luanda,
Imagino este cálice de
vinho
Só
Sozinho,
Imagino os teus olhos
quando dormem,
Dos teus olhos onde
brincam as acácias da minha infância…
E dos teus cabelos em
vento silêncio,
O mar da minha infância,
Poisa-me nos lábios…
E beija-me loucamente,
Imagino este cálice de
vinho
Só
Sozinho,
Imagino a lua poisada nos
teus seios de desejo…
Imagino o silêncio…
poisado nos teus doces lábios,
Imagino a luz do teu
olhar…
A trezentos mil
quilometro por segundo…
E eu…
Imagino este cálice de
vinho
Só
Sozinho,
Imagino o vento dançando
nos teus cabelos,
Nuvens dos pincelados
desejos,
Na tela teu corpo,
Teu corpo livro,
Matemática,
Equação diferencial…
Imagino este cálice de
vinho
Só
Sozinho,
Imagino as sílabas do teu
ventre
Em maternidade luz,
Dançam os pássaros em
mim,
E eu,
Imagino este cálice de
vinho,
Só
Sozinho,
Imagino a nossa galáxia
em espiral teu sorriso…
Imagino as tempestades de
medo
Dentro deste cálice de
vinho
Só
Sozinho,
Imagino o beijo do
silêncio,
Em alegres coloridos
lábios
Em marés de sono,
E eu,
Imagino este cálice de
vinho
Só
Sozinho,
E podia ser cada um de
nós…
Eu,
Tu,
Vós…
Todos,
Todos um dia podemos ser
um cálice de vinho
Só
Sozinho.
Alijó, 13/05/2023
Francisco Luís Fontinha