Às cinco menos um quarto
O teu corpo coberto de
poeira
Nos teus lábios, a doce
madrugada quer acordar,
Na tua boca, as palavras
de luz
Que habitam nos meus
olhos.
Às cinco menos um quarto
Um relógio de sono
Quase a desmaiar,
Será fome? Ou apenas
manha do dono…
E, dos pássaros às
árvores
Enquanto flor nocturna,
Desce sobre ti a triste
madrugada,
Em Dezembro estás,
Em Janeiro ficarás nesta
aldeia das quatro esquinas de luz,
E contra os rochedos,
As lâmpadas do poema em
cio.
Às cinco menos um quarto
A minha mão nos teus
seios,
As ditas palavras de ontem,
Tristes,
Vergadas pelo peso do
sono,
Em Janeiro acordarás,
Deste azarado Dezembro.
O jantar está óptimo,
Como sempre,
Como todas as palavras,
E, bebo todas as equações
do desejo.
Sou eu, não te recordas
da minha mão?
Quando ontem
Às cinco menos um quarto
Na tua boca
A minha boca
Adormeceu
Cansada
Viva
Mais feliz pelas palavras
comidas
E, de todas as equações
sofridas,
Toca o telefone,
Era ela
E, às cinco menos um
quarto
Um quarto
Uma janela
E, um sorriso de mar.
Francisco Luís Fontinha,
Alijó/03/12/2020