Tenho
palavras na algibeira,
São
tantas,
Que
parecem os peixes voando debaixo do mar,
Por
medo,
Por
vergonha,
Estas
palavras, as minhas palavras,
Nunca
chegarão a ti,
Como
a chuva invisível,
Que
cai sobre o teu cabelo,
E,
ele, sempre seco,
Esbelto
como as estrelas.
Estas
palavras adivinham, morte,
Tempestades,
E
tormentas…
Que
só o meu veleiro sabe desbravar,
Como
uma floresta doente,
Como
os pássaros, também eles, recheados de palavras…
Mas…
São
palavras que nunca te vou escrever,
Podia
dizer-te que és um amor,
Um
bombom,
Ou
o luar quando a noite se vai banhar no Oceano…
Tenho
palavras na algibeira…
Que
não me servem de nada,
De
palavras está a cidade infestada,
Como
ratos,
Sem-abrigo,
Ou
eu, um falido comerciante de palavras.
Francisco
Luís Fontinha
01/04/2019