O vento a leva
O traz o vento depois da geada
Nos lábios da cegonha
As tuas palavras ofendidas
Nos miseráveis finais de tarde
Junto ao rio…
O silêncio do mar
Encastrado nos teus seios de espuma
O branco da tela
Sobre os lençóis da despedida
O vento a leva
O traz o vento…
Os socalcos do douro dançando numa velha esplanada…
E dos teus braços
As minhas mãos ensanguentadas
Putrefactas nos jazigos de pedra
O vento
Meu amor
O traz
A leva
Até ao pôr-do-sol
Se deitar no teu cabelo
O vento a leva…
O traz o vento…
A noite sem rumo
A noite sem vela.
Francisco Luís Fontinha
Quarta-feira, 27 de Julho de 2016