quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Prisão

Há um pincel de tristeza, meu amor, no teu sorriso embalsamado na cinzenta neblina do amanhecer,
Há no teu corpo um jardim, meu amor, recheado de beleza, e é lá onde se escondem todos os pássaros filhos da noite,
Meu amor, há nos teus seios a Primavera acabada de nascer,
Tão linda, tão bela, meu amor… tão gentil como estas palavras que tento escrever,
Mas não o consigo fazer… não existem palavras, meu amor, como o luar poisado nos teus ombros enquanto a pianista inventa para nós sons melódicos, poesia travestida de música, meu amor, e começas a dançar na penumbra biblioteca dos fantasmas envelhecidos,
Há um pincel de tristeza…
Meu amor,
Que entranha os teus lábios na solidão
E me aprisiona ao teu coração…
 
Francisco Luís Fontinha – Alijó
Quinta-feira, 17 de Setembro de 2015

quarta-feira, 16 de setembro de 2015


Francisco Luís Fontinha - Setembro/2015

Manhãs de Inverno


(Francisco Luís Fontinha – Setembro/2015)
 
 
As parcas palavras do meu corpo
Saciando-se na neblina incendiada pelo teu desejo,
Um coração que arde sem perceber que o amor é uma equação sem solução,
Uma folha de papel quadriculado deitada sobre as lâminas do sofrimento,
No chão…
O cansaço do beijo quando os teus lábios fogem e não regressam mais…
Aos meus lábios aprisionados a este cais,
A este inferno,
A cidade fervilha quando acorda a noite,
O teu corpo dorme quando acorda o meu silêncio infinito em direcção ao luar,
E não sabemos se os abraços são sonhos
Ou espelhos quebrados,
 
E não sabemos se o mar é o nosso mar
Ou se este mar é o enforcado sémen nas manhãs de Inverno…
 
Francisco Luís Fontinha – Alijó
Quarta-feira, 16 de Setembro de 2015


 


Desenhos IPO Porto e outros fantasmas


terça-feira, 15 de setembro de 2015

O desejo do planeta sem nome



(Francisco Luís Fontinha – Setembro/2015)
 
 
Tão frágil, meu amor, o teu sorriso de vidro fumado,
Tão frágil o teu silêncio antes de acordar a madrugada,
Os pássaros e as flores,
E a cidade dorme nos lençóis do cansaço,
Sem saber, meu amor, sem saber que no meu corpo habita um planeta sem nome…
Que ama.
Tem desejo,
E fome…
 
Francisco Luís Fontinha – Alijó
Terça-feira, 15 de Setembro de 2015
 


segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Cúbicas madrugadas


Oiço a madrasta voz da clarabóia em flor,

Sento-me sobre o fio da saudade,

Sinto-te nos meus braços… em cúbicas madrugadas,

Imagino os teus beijos flutuando na cidade,

Sinto nos meus braços o cansaço do amor

E a equação da liberdade,

Amanhã não haverá barcos enforcados,

Amanhã não haverá marés amordaçadas…

Oiço a madrasta voz da clarabóia em flor…

Entranhada nos poemas degolados

Pela caligrafia invisível do silêncio amanhecer,

Apaixonada?

Não… não há paixão neste corpo a arder

Nem fogueira neste peito desolado,

Amanhã haverá um esqueleto prensado,

Amanhã haverá uma mão no teu rosto espelhado…

Com medo de sofrer,

Com medo de partir para a longínqua noite das palavras por escrever.

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Segunda-feira, 14 de Setembro de 2015