Desejo o coração
de arroz doce que habita em ti,
desejo-te sabendo
que é impossível desejar-te,
amo-te sabendo
que...
é impossível
amar-te,
acaricio-te sem te
acariciar,
poema vagabundo,
texto de ficção
não revisto,
palavras,
palavras de vidro
espetadas nas tuas pálpebras de azoto,
desejo o coração,
aquele que está encerrado na caixinha de vinil,
transparente como as
lágrimas do luar,
perdidamente triste
esperando o sol junto ao leito do rio,
Desejo não
desejando,
Desejo o teu coração
como desejo os versos de uma canção,
melódica,
poética...
apaixonada pelo
agreste amanhecer dos dias sem madrugada,
Desejo não
desejando,
desejar que me
desejes, desejar que amanhã um relógio de pulso se canse,
e grite...
morra o tédio,
Desejo não
desejando,
O coração de arroz
doce que habita em ti,
os pedacinhos de
saudade que voam sobre o Tejo adormecido,
desejo todas as
pedras da calçada,
aquela..., aquela
onde andei perdido,
desesperado,
quando cambaleava ao
som de uma prostituta sem nome,
deitava-se e...,
desejava-te não o sabendo,
havia lâmpadas no
teu olhar,
havia livros nos
teus braços,
nos seios teus de
encantar...
Desejo não
desejando,
que um dia
apareças... apareças sem me avisar.
Francisco Luís
Fontinha – Alijó
Quarta-feira, 25 de
Junho de 2014