foto de: A&M ART and Photos
|
Cortas em fatias douradas a triste
madrugada
corre em ti sonâmbula um rio nas
linhas de aço do amanhecer
cortas as nuvens silvestres
percebendo-se nelas as cansadas manhãs de solidão...
carnívoras palavras alimentam-se de ti
e em ti
comestíveis poemas sobre as velhas
searas adormecidas,
Entranhas-te no meu peito fumegante em
cinzas invisíveis dos cigarros vegetais
amar-te-ei como o mar que engole
silêncios de velhos barcos enferrujados
inscritos em ti os últimos desejos da
noite com sabor a ébano das montanhas de espuma
entranhas-te como a água salgada nas
rochas da solidão...
e em ti
de ti... o sabor da tua língua
procurando os milímetros quadrados dos meus braços,
Saborear-te ensanguentada de gemidos
uivos e pequenas gotículas de suor
o odor embriagado dos teus seios que
sobejaram das tempestades de areia
os vómitos das pequenas árvores
abandonadas
sobre o oceano desencanto navegável...
não esqueço os desenhos em prata
que dos teus mamilos voam sobre a
cidade do amor...
Desenhar-te como um rio vagabundo
indomável como eu correndo sobre as
calçadas de granito sapateado...
sou como tu eu nu
invisível saborear-te em pedaços
papel amarrotado com chocolate
desencanto desenhar-te não percorrendo
com os meus dedos
o corpo teu que tu inventaste para
mim...
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó