domingo, 28 de julho de 2013

… e ardes dos livros envenenados...

foto de: A&M ART and Photos

... e ardes como pedaços de papel sobrevoando a poeira madrugada dos livros envenenados...
o putrefacto poema vagueia como infinitos gemidos suspensos na árvore do desejo
dormem como cadeiras vazias as lâmpadas húmidas do corpo teu mergulhado em sons melódicos
ardes como os beijos
que nascem nos lábios do amanhecer,

Amor mergulhado em silêncio poeira que a insónia deixa nas flores com esqueleto de pedra...
uma mão traiçoeira sobe cuidadosamente os degraus da manhã de porcelana
… e ardes
como invisíveis sílabas na lareira da fome
ou de uma janela o cansaço viver como cordas de nylon em pingos de sémen,

Oiço-te na sonolenta despedida do calendário de parede
e ardes...
como pequenas palavras em suor teus seios de ébano
percebo o teu olhar entre as cinzas da lareira nocturna...
nas flores com esqueleto de pedra encarnada,

… e ardes
dos livros envenenados...

(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó

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