domingo, 7 de julho de 2013

Porque és a noite à procura do desejo

foto: A&M ART and Photos

Porque és a noite
ofereço-te todas as minhas forças
dou-te os meus braços
desenho-me nos teus seios
porque és a noite
invento-me nos teus lábios
e saboreio a tua doce boca de cereja adormecida...
porque és a noite
saio de mim
do meu corpo
e voo... voo como um milhafre à procura do desejo
que se esconde no mar.

(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha

sábado, 6 de julho de 2013

Será que ela tem janelas no peito?

foto: A&M ART and Photos

Vivíamos perto da fronteira com a loucura, havia flores que nunca acordavam, e quando o faziam, sonolentas, pareciam vadios homens deambulando as paredes frias, finas e escuras, do corredor com acesso a lado nenhum, um postigo embriagado, todas as manhãs se abria como os olhos das borboletas quando as pálpebras do silêncio se dilatam, aumentam de volume e começam a chorar, o dia clareava em duodécimos, e pouco depois, digamos que
Tempo de mais,
Elas apareciam vestidas com roupas leves, de cor branca, com o aqui e além, dispersas em sacrifícios de momentos devastados pela chegada da tempestade e partida da solidão, dizia eu, algumas rosas em puro linho, que ao longe mais pareciam janelas, ainda mergulhei-me em pensamentos parvos
Será que ela tem janelas no peito?
Claro que não, claro que não, e pitosga como sou, facilmente confundiria uma palmeira com um beijo, ou
Será que ela ainda pensa em mim?
Ou
Claro que não, claro
Que esperavas, tu?
Eu?
Sou um tipo porreiro, tenho amigos em todo o lado e ainda ontem
Claro que não, Alice, claro que não,
E ainda ontem recebi uma carta (mesmo carta, em papel, com letras desenhadas a caneta e perfumada) cujo remetente era algures da Lua..., como vês, minha filha, o teu pai começa a ficar famoso,
Se eu penso em ti, Alice?
Claro que sim, claro que sim, não, não é engano, o remetente é mesmo da Lua...,
E ainda ontem, Sábado, vi pela ultima vez o teu corpo nu e estranhamente escrito com as minhas palavras, estranho não é? Se eu penso em ti, querida Alice? Claro
Mas ontem foi Sexta-feira..., então foi hoje,
Claro que penso, claro que penso nas palmeiras esperando o regresso do final do dia, o velho Francisco desce cuidadosamente os cortinados do desejo sobre as labaredas do teu corpo a transpirar poesia e pequena literatura, diga-se
(de merda)
Diga-se que sim, que tenho saudades das palmeiras, e da tua voz quando disfarçada me melancolia, quando timidamente me dizias
Amo-te João,
Me dizias que as palmeiras inventavam fotografias, e que ainda hoje, Claro que sim, querida Alice!, que ainda hoje espero pela chegada da tenda do circo onde vivem as tuas mãos, aquelas, Recordas-te, querida Alice?
Sim, aquelas que te afagavam o cabelos...
E depois de me cerrares as pálpebras... eu adormecia no teu débil peito de seios minúsculos, como o vento, aturando limões contra os vidros das janelas, aquelas que eu pensava serem janelas, e que nunca passaram de rosas bordadas pela tua avó...
O que será feito da tua avó, Alice?
Um dia, como nós, simples partículas de poeira viajando pelo espaço escuro e frio, e responder-te-ei...
Claro que sim, Alice, claro que sim, as palmeiras.

(ficção não revisto)
@Francisco Luís Fontinha

Terei em mim as sobejadas tuas lágrimas?

foto: A&M ART and Photos

Terei em mim as sobejadas tuas lágrimas?
E as tuas algas, meu amor,
como conseguem elas sobreviver sem as minha mãos...
sem o meu olhar,
terei em mim as algemas flutuantes do silêncio
quando apareces no espelho da noite
e começas a cantar
sorrindo,

Sou uma gota de água salgada
que voa nas clarabóias do teu doce cabelo
sou uma gaivota disfarçada de gota de água...
que te ama quando deitas a tua cabeça no meu peito confeccionado com as pobres pétalas
do xisto laminado da paixão,

O amor dispara palavras contra os uivos meninos da cidade dos abismos
sentavas-te nos corredores da noite como se fosses uma árvore
uma menina vestida de árvore
como as tuas algas e os teus peixes e a rosa que deixaste no interior de um velho livro...
o amor disfarça-se de madrugada
e assim, nós, os eternos amantes, dormimos parecendo pássaros envenenados pelo cacimbo,

(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha

Nostalgia

foto: A&M ART and Photos

Nostalgia quando descem sombras de amanhecer
sobre as pedras cansadas da calçada
nostalgia de perceber que o vento jamais soprará... como tu
jamais
nunca
caminharás nos braços da praia,

Inventar o amor
onde a mãe Natureza colocou a fantasia
e a penumbra
e jardins que só o Inverno consegue alimentar
inventar o beijo
nos lábios de uma flor...

Nostalgia quando... amanhecer
sobre silêncios e corações de areia
nostalgia de perder-te entre as nuvens de Agosto
num longínquo País sem fronteiras
onde o amor é livre
e todos os barcos carregam sobre os ombros a culpa da despedida,

Nostalgia de olhar
todos os dias
uma corrente de aço que me aprisiona a um cais esquecido numa qualquer rua de Luanda...
e das minhas pálpebras dilaceradas vejo os desenhos da alvorada
como se regressasse o teu corpo de papel
aos meus verdes olhos do chocolate derretido sobre os teus seios de amêndoa...

(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Tórrido... o meu destino sem nome

foto: A&M ART and Photos

Tórrido como a luz sobrevoando os cinzentos jardins invisíveis...
um corpo mergulha no infinito e desaparece entre os pilares do desejo
como singelas vegetarianas árvores com frutos secos e folhas de papel
tórrido como um livro em chamas na mão de uma mulher saboreando versos
que o desconhecido vizinho do terceiro esquerdo lhe oferece a cada Sábado,

Tórrido... entre luzes e esplanadas de trigo
gaguejando no teu corpo de açúcar
transforma-se o beijo
um fluido em pequenas gotículas
e cresce em mim o desejo de possuir-te
como um livro em finas folhas de sorrisos...

Tórrido tu dentro de mim
às conversas circulares
das ardósias suspensas no divã do esqueleto interestelar das amêndoas com chocolate...
e o feitiço de ti em mim
como um corredor escondidos nas sombras da Ajuda,

Tórrido... o meu destino sem nome
vagueando nas infelizes rochas de xisto
olho-me no rio e sinto-o a entra nas minhas veias como noites em orgasmos suicidas...
tórrido o silêncio das tuas palavras
dos teus beijos
em tuas outras mãos alicerçadas no meu peito de lareira acesa...

(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha

quinta-feira, 4 de julho de 2013

A vida é assim...

foto: A&M ART and Photos

A vida é assim...
… o amor não é assim
a vida é um espelho prateado com um crucifixo pintado
o amor o amor é uma flor
sem luz parecendo a noite
mergulhada no jardim dos teus lábios...
… assim
como as palavras invertidas e de cabeça para baixo,

Tonturas?
Dores de barriga
palpitações e pulsação exagerada...
vou à depilação
e sinto-o
o amor
o amor que escreve versos nas janelas do silêncio
depois de partir a madrugada,

A vida
meu amor
o amor
a vida é assim...
… o amor não é assim
como um qualquer
um coitado
embrulhado num cobertor,

A vida e o amor
eu
eu e a vida e o amor
três patéticos insufláveis bonecos com esqueleto de silicone...
a vida
a vida é assim
quando vem o amor
vai-se-me a identidade e o nome,

E fico
e fico a ver as tonturas
e a saudade
uma flor perfeita com pétalas de amanhecer
eu e ela e o amor e a vida...
agora já somos quatro e a aumentar
esperamos pelo amor
e fico a ver os barcos em pequenos fios de navalha...

(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha

… 2970 e a descer...

foto: A&M ART and Photos

(este cabrão deste censor é mesmo um grande filho da puta)
O povo gritava,
Revolução, revoluçãoooooo...
O povo farto, eu, eu que sou o povo, apenas nesta história, cansado, apenas num dia perco cinquenta e quatro amigos no Facebook, pergunto-me, porquê,
Porquê questiona-se ele,
Porquê?
Todos, hoje, resolveram remover a amizade que tinham comigo, ou apenas por motivos de censura, algum idiota, para não o apelidar de (cabrão e filho da puta), resolveu, hoje mesmo, remover os meus amigos, telefonou a uns quantos, uns quantos, como as ovelhas, passaram a palavra, e aí está, 2971 e a descer, noutros tempos, ficaria muito chateado, hoje, hoje sinto-me alegre, contente, porque podem remover-me todos os amigos... mas não podem tirar-me as palavras, mas não podem encerrar o Blogue Cachimbo de Água, não podem, não podes, e a descer
Agarra-te minha querida, agarra-te, e coloca o cinto segurança,
Não, não vamos morrer, não chores, oh... não chores que as lágrimas deixam o teu lindo rosto tristonho, como uma rosa, depois da chuva, sim, vamos conseguir, olha meu amor, olha para mim
Estou a olhar, meu querido,
Eles, eles não vão conseguir,
Juras?
Juro, acredita, acreditar sempre, olha sabes quem está em Alijó?
Não, não sei meu querido,
O meu “rating” de amigos está a descer, como o Ex-espião Americano Edward Snowden que tenho a informação acaba de aterra neste momento no Aeroporto Internacional da Chã e vai ficar uns dias hospedado numa unidade hoteleira da linda Vila encastrada no coração do Douro Vinhateiro,
É só o facto...
Diz, minha querida, diz,
Refiro-me à sujidade das ruas, e ao mau cheiro dos contentores do lixo, isso?
Sim, isso,
Isso ninguém vai notar...
Revolução, revoluçãoooooo...
(este cabrão deste censor é mesmo um grande filho da puta)
Isso ninguém vai notar... o cheiro é uma sombra invisível, indolor, como a paisagem, olha meu amor,
Sim, meu querido,
Acreditas em gaivotas?
Acredito,
Acreditas?
Sim, acredito...
Pois... não devias acreditar...
Porquê?
“Todos, hoje, resolveram remover a amizade que tinham comigo, ou apenas por motivos de censura, algum idiota, para não o apelidar de (cabrão e filho da puta), resolveu, hoje mesmo, remover os meus amigos, telefonou a uns quantos, uns quantos, como as ovelhas, passaram a palavra, e aí está, 2971 e a descer, noutros tempos, ficaria muito chateado, hoje, hoje sinto-me alegre, contente, porque podem remover-me todos os amigos... mas não podem tirar-me as palavras, mas não podem encerrar o Blogue Cachimbo de Água, não podem, não podes, e a descer
Agarra-te minha querida, agarra-te, e coloca o cinto segurança”,
“FODA-SE...”.

(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha

P.S. A foto que acompanha o texto dá direito à perda de 250 amigos...
(Quero lá saber, o censor que se foda)