As
palavras
Incendiadas
pela espiral sinfonia da solidão
O
aço bravio
Nos
azulejos da madrugada
O
aviso
Suspenso
no frigorífico…
Amanhã
Não
estou…
O
silêncio dos pergaminhos
Que
embrulham o teu corpo
Sem
número de polícia
Esquecido
numa rua
Deserta
Só
Apenas
As
palavras
O
destino pecado do sofrimento
Caminhas
sobre as marés de vidro
Que
o vento semeou
E
deserta
A
porta de entrada dos vulcões de areia
A
praia desce a calçada
Pára
Finge
olhar a montra do alfaiate…
Falidos
Comércios
E
Oceanos
E
os sem-abrigo
De
mata-ratos entre os dedos de arame
Um
barco enfurecido
Cospe
lágrimas de fogo
Que
a manhã inventou
Depois
do pequeno-almoço
A
cidade fervilha nas tuas mãos
A
prata embriagada do teu sorriso
Nos
castanhos castelos de neblina
Como
as imagens sombreadas
Do
poema acabado de morrer…
Oiço
as canções do luar
Que
alimentam as cinco estátuas de luz
No
jardim da esperança
O
medo
Vestido
de orvalho
O
menino drogado
Olhando
o espelho do passado
O
amor das aldeias em flor
Quando
regressa a Primavera
E
tu… um esqueleto de duzentos e seis ossos… e pó…
Francisco
Luís Fontinha – Alijó
Quarta-feira,
15 de Abril de 2015