terça-feira, 14 de abril de 2015

L I V R OOOOOOOOOOOOOOO…


Não regresso mais aos teus braços

Meu amor

Não sei se deva tratar-te por meu amor…

… ou… por meu amor

A sinfonia adormecida das amendoeiras em flor

Descendo socalcos até ao rio

Um corpo camuflado pelo silêncio

Dá à tona

Pede abrigo

Dá a mão

E morre

O meu amor

 

Meu amor

As sílabas do amor complexam no dia em que tu partiste

Perdi-me na fachada húmida de um prédio em ruínas

Aos poucos

Meu amor

A tinta descolorida das palavras

Vestiu-me

Transformei-me em livro

Vê tu

Meu amor…

L I V R OOOOOOOOOOOOOOO…

Com teias de aranha

 

Bolor

E sandes de velhice

Quase parecia um transatlântico enferrujado pelo desejo

A mulher

Em casa

De pernas…

Abertas

Meu amor

Abertas

Depois vieram os filhos

A doença

A família encaixotada num cubículo de sombra

 

O fim

Dos sonhos

E das festas quadriculadas da paixão

A viagem

Sem

Sem regresso

Meu amor

Morreram todas as personagens do nosso amor

Hoje

Hoje já não existe banco de jardim

A árvore

O livro que tinhas na mão

 

E eu

Olá

Estás bem?

Meu amor

Os desenhos estranhos que desenhei na tua pele

As equações que resolvi nos teus seios

E nas tuas coxas

Dormia

Sonhava

Que existes

Ou… meu amor…

L I V R OOOOOOOOOOOOOOO…

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

terça-feira, 14 de Abril de 2015

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