Me alimento da voz cansada
embrulhada nas palavras parvas
minhas às vezes enfeitadas
me alimento
em ti
minha noite abeliana
e às vezes
sinto o grito da revolta
a garganta funde-se como o gelo depois
de caminhar sobre o mar de Março
a garganta morre nos barcos depois de
morrerem
acorda o dia
minhas às vezes enfeitadas
as flores da tua mão
e os sinos circunflexos das árvores
abandonadas
me alimento da voz cansada
embrulhada
há na madrugada
palavras sem dormir
rosas encalhadas nas metamorfoses do
sonho
as coisas
belas
nelas às vezes
me alimento
dos teus lábios de papel
ou apenas no desejo de te olhar
mar de Março.
(poema não revisto)