sábado, 29 de setembro de 2012

O céu de estrelas vermelhas


Há olhares suspensos no canganho da saudade
há saudade dissolvida na esfera da manhã
quando o rio esmagado pela tristeza do sol
dorme docemente entre as nuvens de algodão
olho os teus seios sem sentido
em busca da água fresca da montanha

evaporo-me
e escondo-me
quando as cortinas dos teus cabelos
e evaporo-me
e escondo-me
nos teus lábios desenhados na sombra da noite

quando as cortinas dos teus cabelos enlouquecem os machimbombos
que brincam nas ruas de uma fotografia
e Luanda desaparece
e de Luanda chega até mim o cheiro da neblina que afaga um papagaio de papel

prendo o cordel ao portão de entrada
e sinto
evaporo-me
e escondo-me
e sinto o quintal a subir até ao céu de estrelas vermelhas

e sei que na lua...
os teus seios
e sinto
nas rodas dentadas do tempo
as árvores de papel prensado
e sei que na lua habita um menino com um triciclo de mel.

(poema não revisto)

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