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terça-feira, 13 de dezembro de 2022

Silêncio luar

 

Dizem que sou louco

E há quem diga que não passo de um falhado,

Um perfeito falhado,

 

Mas meu amor,

Tanta coisa que dizem de nós

E dos outros

E dos outros… e de nós.

 

Mas sabes meu amor,

Também dizem que os dias a chover

São dias de tristeza,

E hoje, meu amor,

O dia está tão lindo,

O dia

Hoje

É beleza.

 

Dizem que a noite é escura,

É triste…

Mas a noite é tão bela,

Meu amor,

Que até tenho medo de escrever…

Escrever que a noite é bela.

 

Todas as noites são belas

E todas as manhãs são belas.

 

E dizem, meu amor

Dizem que aqueles que amamos,

Que sempre amamos,

Que já partiram…

São dor,

São tristeza;

Mas não, meu amor,

Os que partiram não são tristeza,

Aqueles que partiram são a saudade,

E a saudade,

A saudade não é tristeza,

A saudade é uma nova forma de amar,

 

Amar a vida,

Amar a Natureza…

Amar uma linda noite em silêncio luar.

 

 

 

Alijó, 13/12/2022

Francisco Luís Fontinha

sábado, 10 de dezembro de 2022

Poemas a retalho

 Do dia

Triste dia

Na triste noite

Das tristes estrelas

As que nascem

Às que morrem

Das estrelas à morte

Quando o corpo levita

Vendo poemas a retalho

Quilogramas de palavras

Palavras fatiadas

Vendo poemas

Poemas que escrevo nas madrugadas.

 

Dia

Este dia que é filho da noite

Na noite que me faço passear

Sobre as nuvens

Debaixo do mar.

 

Poemas a retalho

Barcos plastificados

Barcos semeados

Nas terras de amar.

 

Do dia

Quando o dia é uma janela encerrada

Com chuva

Sem chuva

Com tudo ou com nada.

 

Do dia

Triste dia

Na triste noite

Das tristes estrelas

As que nascem

Às que morrem

Das estrelas à morte,

 

Da morte às estrelas,

 

Nos poemas que vendo a retalho.

 

Um quilograma de poemas para aquela miúda gira

Meio quilograma de poemas para a lua

Dois quilogramas de poemas para o sol…

Vendo poemas a retalho

No retalho da minha vida.

 

Dia.

Noite.

Sem dia.

Sem noite.

 

Poemas a retalho

No retalho dos dias.

 

Nos dias que não tenho noite.

 

 

 

 

 

Alijó, 10/12/2022

Francisco Luís Fontinha

quinta-feira, 8 de dezembro de 2022

Luar de sangue

 Onde está a paixão das estrelas;

As visíveis, as invisíveis e as imaginárias?

 

Onde habita a noite,

A mesma noite que numa triste noite,

Me prometeu o Luar de sangue

E a corda invisível que transporto ao pescoço…

 

Onde está o dia,

Onde estão as palavras,

Palavras que semeava durante o dia,

E que hoje,

Só as consigo olhar à noite,

 

Onde está a paixão das estrelas;

As visíveis, as invisíveis e as imaginárias?

 

E as desenhadas?

 

E a noite?

Onde está a noite que me abraçava…

Onde está a paixão das estrelas;

As estrelas enamoradas?

Apaga a luz,

Deita a cabeça no meu peito…

E vamos imaginar o mar,

Apaga a luz.

 

 

 

 

Alijó, 08/12/2022

Francisco Luís Fontinha

domingo, 27 de novembro de 2022

Triste e salgado, este mar

 Este meu pobre mar abandonado,

Este lindo mar envenenado,

O mar triste e salgado,

Este mar amargurado,

Quando em minha mão,

Este mar desassossegado…

 

Morre no meu coração.

 

Este mar que não se cansa de comer,

Este mar das palavras e nas palavras de escrever,

Este mar que foge de mim a correr,

Deste mar quase a morrer.

 

Este triste mar da inocência prometida,

Este velho mar em despedida,

Este grande mar quando brinca na avenida…

 

Morre no meu coração.

 

Este mar das tardes em poesia,

Quando beijo os teus olhos perdidos no dia,

Este mar que sentia,

As palavras que eu não sabia.

 

Morrer no meu coração.

 

E eu desconhecia.

 

 

 

 

 

Alijó, 27/11/2022

Francisco Luís Fontinha

domingo, 18 de setembro de 2022

Palavra semeada

 Um dia serás livro,

Palavra semeada na planície do sono,

Um dia serás madrugada,

E no outro dia…

Não serás nada,

 

Um dia serás cidade

Esfomeada,

Solidão nocturna,

Um dia serás nuvem,

Madrugada,

 

Um dia serás luar,

Noite estrelada,

Um dia serás livro

Na mão ceifada,

Um dia serás rio,

 

Mar em revolta,

Um dia serás livro,

Palavra na palavra,

Um dia serás o sol

Quando os barcos dormem,

 

Um dia serás livro,

Rainha da montanha adormecida,

Um dia serás os beijos

Das noites não dormidas…

Um dia… serás livro de poesia.

 

 

 

Alijó, 18/09/2022

Francisco Luís Fontinha

sábado, 16 de novembro de 2019

Pôr-do-sol


Estou aqui.

Estou aqui, sentado,

Esperando que regresse a saudade.

Estou aqui,

Sentado nesta cadeira invisível,

Esquecida na cidade,

Esperando o mar,

Esperando o teu olhar.

Estou aqui, sentado,

Nesta cadeira recheada de dor,

Esperando-te,

Enquanto no meu jardim,

Uma flor,

Poisa na minha mão de socorro.

Sofro,

Morro.

Ao pôr-do-sol.

Estou aqui, meu amor.

Sentado.

Com dor.

Estou aqui, com um livro na mão,

(o jantar foi bom. Bacalhau frito com arroz de feijão).

Estou aqui, meu amor,

Na ausência do teu sorrir,

Estou aqui,

Estou aqui, quase a partir…

Sem fingir,

Que amanhã será um novo dia.

Estou aqui, meu amor,

Sentado.

Sem perceber que sentia,

Sinto,

Não minto,

O desenho que pinto,

Na tua boca,

Louca…

Na tua boca pouca.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

16/11/2019

sábado, 10 de fevereiro de 2018

A noite dos sentidos


As palavras sofridas da paixão,

As estrela perdidas,

No céu da solidão,

 

Cansadas minhas mãos de sangue,

Caminhando no teu corpo de pele poema…

 

A cama,

Dispersa na montanha,

Os dias não passados,

Quando no teu olhar acorda a noite dos sentidos,

Perdidos,

Todos os meus livros,

 

 

Francisco Luís Fontinha

Alijó, 10 de Fevereiro de 2018

terça-feira, 5 de dezembro de 2017

Viagem




Bebo o veneno da insónia.
Desamarro as cordas da solidão, logo pela manhã,
Tenho na mão a magia do sono, desprovido de sonhos,
Na lentidão, o adeus, como as flores em despedida.
Desenho nuvens no teu triste olhar, uma desgraça…
Pois eu nunca soube desenhar,
Escrevo palavras, bebo livros de poesia, e assim passo o dia,
Cansado das árvores, cansado das casas envelhecidas,
Cansado da vida.
Bebo o veneno da insónia.
É madrugada, acendo o interruptor da desgraça, sou livre,
Aprendi a voar no teu cabelo,
Sou astronauta reformado,
Carpinteiro no activo,
Sou jardineiro sem-abrigo…
Nos teus lábios de trigo.
Bebo a poesia dos mortos, e percebo a tua dor, quando acorda a noite,
Puxo de um cobertor,
Fico à lareira,
Até que as estrelas me levem para longe.



Francisco Luís Fontinha
Alijó, 5 de Dezembro de 2017

terça-feira, 8 de agosto de 2017

Os beijos da alegria


O que eu quero não o sei,

Sei que nada quero,

Sei que nada tenho,

Querer-te assim, perdida no deserto da seda…

O que eu quero, o que eu não queria,

Ter,

Não sofrer…

O dia,

Cansado de viver,

Sinto em ti as palavras da morte,

Mas a morte é indefinida,

Tímida,

E triste,

Não resiste,

Mas existe,

Na palma da tua mão,

O que eu quero…

Queria…

Sentia na face os beijos da alegria,

Finalmente a noite,

Sentida em pleno dia,

Sofrido,

Como sempre…

Em cada luar teu.

 

 

Francisco Luís Fontinha

Alijó, 8 de Agosto de 2017

sábado, 24 de junho de 2017

O grito


Neste cansaço dia

Sinto o abraço da alegria,

Sou um homem desajeitado

E sem sono,

Sou uma pedra imperfeita,

Sou uma nuvem desfeita…

E este corpo ancorado,

E este corpo cruxificado ao teu olhar madrugada,

O feitiço de amar,

Na planície magoada

Pela bela trovoada…

Sou um homem desiludido com a cidade dos Deuses Tristes de Morrer…

Uma amêndoa apodrecida jaz sobre a minha mão de escrever,

Sempre me recordam as cinzas do teu silêncio amanhecer,

Neste cansaço dia

Sinto o abraço sem perceber o que sentia,

As albufeiras da solidão

Descem a montanha até ao meu coração,

Irritado,

Sou uma pedra de granito

E grito…

E sinto sem sentir…

A alegria de sorrir,

Na tristeza do grito.

 

 

Francisco Luís Fontinha

Alijó, 24 de Junho de 2017