sábado, 24 de junho de 2017

O grito


Neste cansaço dia

Sinto o abraço da alegria,

Sou um homem desajeitado

E sem sono,

Sou uma pedra imperfeita,

Sou uma nuvem desfeita…

E este corpo ancorado,

E este corpo cruxificado ao teu olhar madrugada,

O feitiço de amar,

Na planície magoada

Pela bela trovoada…

Sou um homem desiludido com a cidade dos Deuses Tristes de Morrer…

Uma amêndoa apodrecida jaz sobre a minha mão de escrever,

Sempre me recordam as cinzas do teu silêncio amanhecer,

Neste cansaço dia

Sinto o abraço sem perceber o que sentia,

As albufeiras da solidão

Descem a montanha até ao meu coração,

Irritado,

Sou uma pedra de granito

E grito…

E sinto sem sentir…

A alegria de sorrir,

Na tristeza do grito.

 

 

Francisco Luís Fontinha

Alijó, 24 de Junho de 2017

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