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quinta-feira, 6 de julho de 2023

domingo, 2 de julho de 2023

Podia ter vinte Oceanos que nunca conseguiria abraçar o mar e, no entanto…, e, no entanto, amo o mar, e, no entanto, às vezes odeio o mar; e o meu pai, pegava na minha mão minúscula, mão de poeta, frágil, e leva-me a ver o mar e a olhar os barcos.

Apaixonei-me pelo mar e por barcos.

Hoje, hoje percebo que nunca conseguirei voar como voavam os papagaios em papel colorido que a minha mãe construía ao final de tarde, debaixo das mangueiras…

Hoje, hoje percebo que foi tudo uma mentira.

 

sábado, 1 de julho de 2023


 Se algum Psicólogo/a se der ao trabalho de tentar interpretar os meus desenhos, não me importo, apenas não venham dizer que eu não nasci em Angola; sim, nasci em Luanda.

sexta-feira, 30 de junho de 2023

… a piquena ainda não regressou dos festejos em honra de S. Paulo, pelo que este nosso/vosso espaço comercial, provavelmente, ou não, só reabrirá lá para segunda-feira ou terça-feira,

A temperatura está agradável, aproximadamente 23ºC em Bragança, talvez ao final da tarde ainda vá fazer um passeio até à praia, curiosamente também estão 23ºC em Luanda, o pôr-do-sol será às 21:07h, portanto…, peguem na vossa amada, dêem as mãos, e contem cada estrela que brinca no céu,

E depois,

Se for menina, dêem-lhe o nome de parede envidraçada, se for menino…, acumulador,

A vitela estufada estava uma delícia, mas devido a um erro informático, o pernil tinha desparecido e está em parte incerta,

Coisas da informática,

Plutão retrógrado em aquário, segundo a nossa abelha, e o pior que poderá acontecer aos aquarianos é terminarem o dia no programa criminal da CMTV,

Acabaram agora mesmo de me presentear com uma viagem à Lua, só de ida, um fim-de-semana em Marte, um passeio pelo infinito espaço em balão de ar quente ou meia-volta ao Sol…

Não sei,

Não sei…

Tenho de conversar com a minha piquena,

Amanhã é sexta-feira, ou domingo…

Tanto faz,

Os festejos em honra de S. Paulo continuam mais logo, provavelmente vou desligar-me da corrente eléctrica e entrar em modo de hibernação ou em modo de suspensão ou em outra coisa qualquer,

OI?

Não percebi, colega…

E tudo isto, e tudo isto porque a piquena que gere este nosso/vosso espaço comercial… foi ontem para as festas em honra de S. Paulo…,

E…,


 Lamentavelmente teremos de encerar este nosso/vosso espaço comercial… a donzela que viria fazer o turno da noite… foi para os festejos em honra de S. Paulo, em Alijó.

Pedimos desculpas, reabrimos daqui a algumas horas.

 

A gerência.

quinta-feira, 29 de junho de 2023


 O comboio com destino à Madeira, descarrilou nas Berlengas, felizmente e com a graça de Deus estamos todos bem, a inflação continua nos dois dígitos, daqui a pouco é noite, acabei agora mesmo de acender todas as estrelas do céu…

Diria…, sim, estamos bem, estamos muito felizes.

Provavelmente vai haver luar,

Um porta-contentores vindo de Marte vai amarar junto ao cais dos silêncios…

E sim,

Estamos todos muito felizes…

Com a graça de Deus.

Ámen.

Gosto de pessoas sinceras, que dizem o que sentem,

E sentem o que pensam,

Como o luar…

Que sorri durante a noite…

E se esconde quando acorda o dia.


 Em cada traço que semeias no papel,

Em cada traço a que dás vida…

E lhe dás um nome,

É um amigo que te visita durante a noite…

E conversa contigo…

Durante a noite.

Em cada traço que semeias durante o dia no papel…

É a voz que te abraça na solidão da noite…

Da solidão da insónia…

Também ela

Completamente só

 

 

 

29/06/2023

domingo, 18 de junho de 2023

Carta aos pássaros

 

Meus queridos,

 

Podia Deus extinguir agora mesmo o Universo, porque eu, porque eu não me levantava desta pedra cinzenta,

Onde me sento,

E penso.

O que me interessa a mim o Universo…

Quero lá eu saber do Universo…

O que me interessa a mim do meu vizinho, vizinha, ou do filho de ambos, ou se há crianças com fome…

Deus que cuide deles, se ele quiser.

Levantei-me cedo, fui até ao campo colocar as armadilhas perfumadas, talvez ainda hoje consiga apanhar algumas pétalas de qualquer coisa…, ou apenas, ou apenas pedaços de lenha, e agora, e agora engano o tempo com algumas lâminas de silêncio que por aqui brincam.

Podia ser pior, meus queridos.

Podia ser pior…

Mais logo, mais logo não farei nada, como amanhã, como depois de amanhã, fazer o quê, meus queridos?

A não ser, pensar.

Mas pensar em quê?

Se o pensamento é apenas um momento repetitivo…

Não.

Mais logo, mais logo não farei nada, como amanhã, como depois de amanhã, fazer o quê, meus queridos?

Nem pensar?

Nem pensar, meus queridos.

Nem pensar…

 

 

 

Francisco

18/06/2023

sábado, 17 de junho de 2023

 


Estou muito desiludido contigo,

Mãe,

Lamento,

Estou muito desiludido contigo.

Estou muito desiludido contigo…

Estou muito desiludido comigo…

Lamento…

 

 

 

Francisco

17/06/2023

quarta-feira, 14 de junho de 2023


 Não confundas A com B, quando o B pode ser igual ao A…, mas o A é diferente de B.

 

Um dia serei marinheiro, e todos os peixes serão meus amigos…

domingo, 11 de junho de 2023


 Um dia, qualquer dia, tanto faz…

Não tenho pressa de partir,

Um dia, qualquer dia, tanto faz…

Um dia as acácias da minha infância deixarão de chorar,

E nesse dia de qualquer dia,

Eu,

Eu possa vestir-me de mar…

 

FL

11/06/2023

domingo, 14 de maio de 2023

Às vezes, meu amor, às vezes penso e sonho…

 Às vezes, penso,

Penso muito, meu amor, às vezes penso de onde vêm estas imagens que semeio nas telas e em pequenas folhas,

Às vezes, penso,

Penso muito, meu amor,

De onde vêm todas estas palavras que escrevo,

De onde vêm todas estas imagens e todas as palavras,

 

Às vezes, meu amor, às vezes sinto o medo…

O medo de que estas imagens se abracem a mim

E algum idiota me diga que estou louco…

Mas não será essa loucura com que nos apelidam…, a melhor forma de sonhar o mundo?

Às vezes, meu amor, às vezes penso e sonho…

 

Penso que estou a sonhar,

Muitas vezes sonho que estou a pensar,

Às vezes penso,

Penso e dizem-me que não devia pensar, tanto…

Mas penso,

Mas sonho,

Sonho que penso que nenhuma criança terá fome,

Penso que sonho que nenhuma mulher será espancada…

E penso, penso muito, meu amor…

 

Penso e imagino a alvorada,

Sonho e penso, quando se despede de mim o luar…

Penso, meu amor, penso muito,

Que não devia pensar tanto,

Penso por que razão todas estas imagens e palavras fizeram parte das minhas brincadeiras em criança,

Penso, meu amor,

Penso muito, penso que se despede o dia… e uma infinita madrugada está para regressar,

E abraço a noite, como te abraço… lentamente…

 

E penso, e sonho…

E muito lentamente olho-te e percebo que tens uns olhos lindos…

Gosto de olhar os olhos e deles receber as estrelas da manhã…

 

E penso, muito, que não devia pensar,

Mas penso,

E sonho,

Sonho que penso,

Penso no que sonho…

E alguns dirão; está louco,

 

Às vezes, penso,

Penso muito, meu amor, às vezes penso de onde vêm estas imagens que semeio nas telas e em pequenas folhas,

Às vezes, penso,

Penso muito meu amor…

Penso que às vezes a escuridão é uma óptima companhia,

Depois, meu amor, penso…

O que dirá o gladíolo para a tulipa!

Ou será que estão ambos quase abraçados…

E nada dizem,

Ou será que dizem?

 

E eu, penso, penso muito, meu amor…

Penso que há dias de chuva loucamente felizes,

E que há dias de sol que são uma autêntica merda,

E uma criança fica encantada com um brinquedo…,

Mesmo que não tenha qualquer valor comercial…

Porque ainda há crianças que não sabem o significado de brinquedo,

 

Tive-os, muitos.

Destruía-os…

(dizem que saí ao tio António, mal recebia um brinquedo destruía-o imediatamente…

E quando lhe perguntavam, era para ver como era por dentro)

Eu fazia o mesmo,

Tive-os,

Muitos…

Mas muitos não os tiveram,

E alguns que os tiveram…

Viviam em casas assombradas;

Felizmente a minha casa nunca foi assombrada,

 

E penso.

E sonho,

Sonho muito, meu amor,

Sonho e penso, que fazer com todas estas imagens…

E sonho que penso,

Quando depois de pensar o que sonhei…

Nada;

Fecho a janela e hoje não me apetece mais olhar o mar.

Cansei-me, hoje, meu amor… cansei-me do mar.

 

E penso,

E dou comigo a pensar,

Que sonho,

Mas não,

Só poderei estar a sonhar.

 

 

 

 

Alijó, 14/05/2023

Francisco Luís Fontinha

sexta-feira, 21 de abril de 2023

 

O tolo que não pensa, quando pensa no tolo…

Do tolo que é tolo,

Quando pensa,

Pensa o tolo.

domingo, 16 de abril de 2023


 Um dia, um dia seremos poeira, um dia seremos a fotografia na secretária de alguém, um dia…

Um dia somos tudo, ao outro dia… somos nada.

terça-feira, 11 de abril de 2023

Multidão

 Acorrentados às frestas da manhã

O sono poisa na doce mão do transeunte ensonado

Vomita a fogueira da noite anterior

Da lareira onde arderam todas as palavras do poeta

E o poeta em dor

Sem o saber

Também ele acorrentado

Também ele ensonado

Também ele em lágrimas na fogueira da noite anterior

Senta-se na cadeira da insónia

E sonha

E pensa.

 

O que pensará o poeta acorrentado?

Que as noites são pedacinhos de pano

Em pequenas brincadeiras

Na algibeira do guarda-rios

Que enquanto olha para a ponte

Percebe que a multidão em fuga

Se dirige para o abismo?

 

Penso que não

Não pensando que a multidão

Toda ela

Toda a multidão

Se suicide nas mãos daquele Oceano.

 

Um cardume de sonhos

Viaja à velocidade da luz

Pensando que voa

Não voa

Porque enquanto pensava

O pensamento

Aquilo que o poeta pensava…

… morre quando a noite acorda.

 

E às vezes

Pensando que dormia no cacilheiro para a Trafaria

Acordava em Almada

Pensando que já era dia…

Quando ainda não era nada.

 

E para que pensas tu, poeta acorrentado?

Marinheiro das docas secas

Pedinte em decomposição

Quando do corpo putrefacto

Nasce uma gaivota de luz?

 

Não.

Não penses, cacilheiro dos lábios encarnados

Não penses

Não

Não bebas e não fumes e não fodas…

E claro

Não penses

Nem escrevas

O que pensas

Nem dias o que escrevas

E que pensas

Porque depois de pensares

Depois

Ai depois…

Não.

Não escrevas.

Não penses.

 

Multidão amiga

Pensante das madrugadas em flor

Consumidor de heroína

E de cigarros avulso

E de shots de liberdade

Junto ao rio

E se pensas

Um dia

Darás conta

Que os cacilheiros deixaram de ser os teus amigos…

Porque hoje os cacilheiros pensam

Porque hoje é terça-feira

E Lisboa é uma droga

É mulher

É bela

Muito bela

Mais bela que todas as belas das árvores da minha aldeia…

Porque pensa o poeta acorrentado?

Porque chora e pensa o poeta acorrentado

Filho da multidão

Irmão de Zeus

Irmão e pai

Dos que pensam

E daqueles que não pensam.

Amém.

 

A multidão pensante

Grita

Corta as correntes do sono

A multidão pensante

Pensa

Enquanto ele

O poeta acorrentado

Não pensa

Nem sabe o que pensa.

 

E os dias são as noites

Sãos os dias em que alguém pensa

Que quando regressar a noite

O pensamento se libertará da madrugada

E o poeta acorrentado

Enquanto bebe uísque…

… pensa

Que nunca pensou

Aquilo que pensa.

 

E se a multidão pensasse

E se o poeta acorrentado pertencesse à multidão

Os livros cresciam nos jardins

Como crescem as plantas de canábis

E crescem as almas que pensam.

Mas eu não gosto de pensar

Não gosto das palavras que escrevo

Nem dos desenhos que faço;

E enquanto espero sentado

Numa cadeira com tirinhas em plástico

Entretenho-me a contar as quadrículas

As brancas para o lado direito

As negras para o lado esquerdo…

… e os espaços entre elas…

Para os vizinhos que pensam

E que pensavam que nunca conseguiriam pensar.

 

O relógio morre.

A tua voz que pertencia aos meus pensamentos

Não pertence às vozes que pensam

Nem pensam as vozes a que pertencem…

E Deus?

O que pensará Deus!

O que pensará Deus de tudo isto?

Que sou louco

Porque desobedeço à multidão

E deixei de pensar?

E se eu pensar?

A multidão continuará junto a mim?

E claro,

E se Deus também ele,

Também eu,

Também o poeta engomado e acorrentado…

Não pensarem?

O que pensará o Diabo quando vai defecar

E percebe que o poeta acorrentado

É uma merda

Uma merda que pensa

Que fuma coisas

E bebe coisas

e…

… pensa

E que se fode o poeta que pensa.

 

 

 

Alijó, 11/04/2023

Francisco Luís Fontinha

Pensamento

 Às vezes

Penso

Às vezes penso que deveria não pensar

E no entanto

Penso

Penso porque sou apaixonado pelo mar

Às vezes penso…

… não

Não o deveria fazer

Pensar dá trabalho

… e já não me dá prazer

 

Às vezes penso

Em coisas estranhas

Não as que fumei e fumo

Outras coisas

Outros pensamentos, queres tu dizer?

Outras coisas que não são bem coisas

São pensamentos

De pequenas coisas

E penso

Penso tanto…

… que deveria deixar de pensar

 

Penso porque Deus é tão mau

Mas tão mau…

Que às vezes

Que às vezes até penso

Penso que não sou filho dele

Mas penso

Penso tanto

Que das vezes que penso

Não penso

Mas se não penso

Não existo

E desisto

De…

… de pensar

 

Mas penso

Quando me ergo

Penso

Penso se eu terei uma força superior a nove vírgula oito metros por segundo ao quadrado…

E penso

Penso tanto…

Se consegues vencer a gravidade, queres tu dizer?

Mas penso

Muito

Penso no gajo sentado em frente ao mar

Sentado numa cadeirinha de tirinhas plásticas

Com quadradinhos pincelados de negro e branco

Fuma e pensa

Pensa em quê, ele?

Que não

Não deveria pensar

Mas ele…

…, mas ele fuma e pensa

Como sabes que ele pensa?

Ou será que ele apenas fuma

Apenas não pensa

Ou apenas pensa

E não fuma

Será que ele pensa?

 

Às vezes

Penso

Às vezes penso que deveria não pensar

E no entanto

Penso

Penso

Penso

Penso que não deveria acordar

Pela manhã

e…

… e pensar.

 

 

 

Alijó, 11/04/2023

Francisco Luís Fontinha