sábado, 23 de setembro de 2023
sábado, 16 de setembro de 2023
domingo, 3 de setembro de 2023
sábado, 2 de setembro de 2023
domingo, 20 de agosto de 2023
sábado, 19 de agosto de 2023
Planície
Amo-te
Cabeça dura
Planície alentejana
Figura
Estátua granítica
Como o teu coração
Em tristes grãos de pedra
Montanha em despedida,
Amo-te
Cabeça dura
Noite perdida,
Amo-te
Invisível silêncio
Quando se ergue a manhã
em teus olhos de mar…
E uma amêndoa poisa
docemente nos teus lábios,
E dos teus lábios… acorda
o luar,
Amo-te
Cabeça dura
Planície alentejana
Montanha
Noite perdida
Na noite dos embriões de
papel
Em teus lábios de mel
Do mel da boca fugida…
Alijó, 19/08/2023
Francisco Luís Fontinha
(desenho de Francisco
Luís Fontinha)
quinta-feira, 17 de agosto de 2023
Lábios de mel
Nos teus olhos de mar
Nascem as púrpuras manhãs
de incenso,
Dos olhos de mar
Acordam as madrugadas
E adormecem
Nos teus olhos de mar
As manhãs cansadas,
Aos teus olhos de mar
Regressam as gaivotas em
papel
E as primeiras palavras
do amanhecer,
Nos teus olhos de mar
Esconde-se a paixão,
O beijo…
E o desejo de beijar os
teus lábios de mel.
17/08/2023
Francisco Luís Fontinha
quarta-feira, 16 de agosto de 2023
terça-feira, 15 de agosto de 2023
Olhos de amar
Perco-me neste labirinto
Procurando a sombra da
tua mão
Na tua mão que sinto
Que sinto a tua mão
Perco-me dentro deste
livro de poesia
Procuro neste livro os
teus olhos de mar
Procuro neste livro o
sorriso do dia
E as lágrimas do luar
Procuro neste labirinto
de insónia adormecer
As primeiras palavras da
madrugada
E sem querer
E sem o desejar
Procuro neste labirinto o
teu rosto de cansada…
Quando este labirinto é
os teus olhos de mar.
Alijó, 15/08/2023
Francisco Luís Fontinha
domingo, 13 de agosto de 2023
Lágrima assombrada
Esqueço os teus olhos de
mar
Em mar teus lábios de mel
Esqueço os teus olhos em
luar
Do luar que assombra este
papel
Esqueço a tua boca e o
teu cabelo de vento
Esqueço o domingo
inventando
Espadas no meu pensamento
Do lamento esquecer os
teus olhos que fui sonhando
Esqueço que este poema
não te pertence
Que este poema morreu
junto ao rio
Esqueço a força que me
vence
Quando a noite se esconde
na madrugada
Esqueço que este navio
É uma lágrima assombrada.
13/08/2023
Francisco
(desenho de Francisco
Luís Fontinha)
Máscara
Escondo-me da cidade
Desta cidade invisível
Que me assassina ao acordar
Escondo-me da cidade
Nesta cidade
Quando aparece a manhã no
espelho da insónia.
Levanto-me
E escondo-me nesta cidade
Nesta cidade de enganos
Nos enganos de cidade.
Escondo-me da cidade
Dentro da máscara da
cidade
Escondo-me do rio
Desta cidade
Neste gueto
De cidade
Escondo-me da cidade
Na cidade
Enquanto esta cidade…
Arde no meu peito.
13/08/2023
Francisco
(desenho de Francisco Luís
Fontinha)
Miserável
Aos olhos da lua,
Sou.
Sou qualquer coisa comestível
Que apenas a noite,
E só a noite,
Consegue mastigar.
Sou
Aos olhos da lua
Uma pequena lágrima de
sono,
E abatato-me neste
silêncio
E suicido-me nos teus
lábios.
Aos olhos da lua
Sou.
Sou lágrima em flor,
Sou poeta,
Sou pastor.
Aos olhos da lua
Sou um miserável,
Poeta miserável,
Poeta…
O morto poeta
Quando as mãos da poesia,
Lentamente,
Masturbam a noite.
Aos olhos da lua,
Sou.
Sou.
Sou o quê, aos olhos da
lua?
Se a lua não tem olhos
E eu,
E eu não sou nada.
Aos olhos da lua,
Sou.
Sou canção que se abraça
ao rio,
Sou o poema que brota do mar,
Sou a fome,
O fastio,
Aos olhos da lua,
Sou.
Sou trombone na
filarmónica,
Sou equação nas mãos
dele,
Aos olhos da lua,
Sou.
Aos olhos da lua sou
gaveta de armário,
Papel higiénico…
Aos olhos da lua,
Sou…
13/08/2023
Francisco
(desenho de Francisco
Luís Fontinha)
sábado, 12 de agosto de 2023
Madrugada em teu olhar
Madrugada sem destino
Madrugada das almas
aprisionadas
Madrugada do pobre menino
Menino das cidades
amordaçadas
Mestre canónico do
silêncio ardor
Que nesta mão se revolta
Que assassina uma flor
E tudo aquilo que está à
sua volta
Madrugada sem destino
Em teu doce olhar
Madrugada deste pobre
menino
Do menino sem lar
Madruga em teu olhar
O mar.
12/08/2023
Francisco
Noite de mim
Sobre o meu peito
Dança a espada que me vai
matar
Lâmina da paixão em
desassossego
Como os chocolates que
sobejaram da noite passada,
E sobre o meu peito
Esta triste espada
Pesada,
Sobre o meu peito
As cancelas da alvorada
se abrem
Sem que do outro lado do
rio
Os transeuntes percebam se
estou morto
Ou vivo,
Sobre o meu peito
A aceleração deste
foguete que habita em mim
E em direcção à lua
Parte à descoberta da
madrugada,
Ergue-se a manhã no meu
peito
Da manhã desta espada
Desta espada silenciada
Pelos olhos do mar
Que voam de árvore em
árvore,
Sobre o meu peito
A jangada em despedida
Deixa a terra e caminha…
Deixa a terra
E também ela
Como eu
Morre às mãos desta
espada,
Sobre o meu peito
Dança a espada que me vai
matar
Lâmina da paixão em
desassossego
Como os chocolates que
sobejaram da noite passada,
Chocolates da manhã
submersa no teu cabelo
Que olha esta espada
E nada faz
E nada faz
Para que esta espada
Que dança sobre o meu
peito…
Me mate
E grite;
Está morto.
12/08/2023
Francisco
(desenho de Francisco
Luís Fontinha)
Cair da noite
Ao cair da noite
Pego na tua mão
Beijo-a como Deus me
beijou.
Ao cair da noite
Pego no teu cabelo
E acaricio como Deus me
acariciou
Junto ao rio
Quando eu procurava aquele
navio
Que me transportaria para
o desconhecido.
Ao cair da noite
Afugento o mar dos teus
olhos
E dou às abelhas que
brincam nos teus lábios
O doce mel da madrugada.
Ao cair noite
Beijo-te como Deus me
beijou,
Como Deus escreveu no meu
corpo
Os silêncios da noite,
Como Deus desenhou no meu
corpo
O cair da noite.
Ao cair da noite
Pego na tua mão
E beijo-a como Deus me
beijou
Enquanto cai a noite
No teu cabelo de
Cinderela adormecida.
Ao cair da noite
Quando desisto da despedida
Vou em busca da noite
E vou à procura da tua
mão
E de uma nova partida.
12/08/2023
(desenho de Francisco
Luís Fontinha)
sexta-feira, 11 de agosto de 2023
Cavaleiro
À primeira lágrima da
manhã
Sai de mim a tristeza
Entra no meu corpo o
silêncio da alegria
Caravela quinhentista
Cavaleiro das sete
espadas subindo a montanha,
À primeira lágrima da
manhã
Cresce no meu jardim o
poema
Que dança sobre o mar,
E corre e corre
E ninguém o apanha,
À primeira lágrima da manhã
Sai de mim a tristeza
Entra no meu corpo o
silêncio da alegria
Que a primeira lágrima da
manhã
Desenhou no rio que corre
na minha mão.
11/08/2023
quinta-feira, 10 de agosto de 2023
Do ausentado poema o poeta da ausência
Podia vestir-me de miséria
Ausentar-me deste
silêncio
Que ninguém percebia a
minha ausência…
Que ninguém percebia que
andava ausentado,
Podia vestir-me de
miséria
Podia pincelar os lábios
de azul-mar
Podia beijar a lua
E beijar o sol
E abraçar o mar,
Podia vestir-me de miséria
Ausentar-me deste
silêncio
Podia escrever nas
paredes da minha solidão…
Que ninguém leria o que
tinha escrito,
Que ninguém percebia
Que a minha poesia
Não existe
Que sofre e resiste
À minha ausência
Que ninguém percebia que
andava ausentado.
10/08/2023