sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Margaridas


Sinto-me um abutre sem dono

Margaridas, meu amor, margaridas no teu corpo,

Margaridas em sono,

Em flor,

Em dor,

Sinto-me um transeunte vestido de negro,

Confundindo-me com a noite,

Quando a noite era apenas um desenho incógnito,

 

Sou a luz da escuridão iluminada,

Margaridas, meu amor,

Margaridas na esplanada,

Margaridas sem nada…

 

Oiço a tua voz envergonhada,

Sinto o teu corpo recheado de amendoeiras,

Margaridas, meu amor,

Margaridas… margaridas entranhadas nas videiras,

 

Quando tínhamos as janelas encerradas,

Não existiam madrugadas,

Margaridas, meu amor, margaridas roubadas,

 

Margaridas em ti assassinadas.

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sexta-feira, 7 de Agosto de 2015

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Cidade abandonada

Sentíamos o vento saltitar na janela dos sonhos,
Havia em nós a clandestinidade de um amor proibido,
Sem sentido… como quase todos os amores,
Livros,
Líamos os textos que durante anos viveram encaixotados na ínfima sombra da madrugada,
Mas nada,
Nada tinha vida nesta cidade abandonada,
Desenhávamos beijos nos socalcos sorrisos da solidão,
Pegava na tua mão…
E sabia que uma gaivota
Brincava no teu cabelo,
Como brinca hoje no meu cabelo o silêncio envenenado pela paixão…
 
Francisco Luís Fontinha – Alijó
Quinta-feira, 6 de Agosto de 2015


quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Agradecimento

Fernando Martins Fontinha
29-11-1938 / 29-07-2015
 
Em todas as guerras há sempre um vencedor e um vencido. Infelizmente perdemos a guerra e venceu a doença. Nem sempre é assim, e é com enorme felicidade quando temos conhecimento que alguém ganha esta guerra.
Tudo foi feito por parte do IPO-Porto e seus Profissionais, tal como da nossa parte, eu e a minha mãe.
Quando se fala tão mal do nosso SNS, apenas queria deixar algumas considerações; se o meu pai tivesse uma vida contributiva até aos 100 anos, provavelmente não pagaria um décimo do que esta Instituição gastou com ele (cirurgia, radioterapia, quimioterapia, tratamentos inovadores, PET´S vários…, etc.). Nunca nos disseram que não fazia isto ou aquilo porque era dispendioso.
Durante as sete semanas de Radioterapia ficou na Liga Portuguesa Contra o Cancro – Núcleo Regional do Norte sem qualquer custo para nós. Veio a falecer na Unidade de Cuidados Paliativos sita no edifício da Liga Portuguesa contra o Cancro.
Perdemos a guerra mas o nosso “General” tombou com toda a dignidade, nunca recusou nenhum tratamento, nunca nos falou que ia morrer… lutou até ao último segundo de vida.
 
Agradecemos:
 
IPO-Porto e todos os seus Profissionais. Foram fantásticos;
Liga Portuguesa contra o Cancro – Núcleo Regional do Norte e seus voluntários;
Unidade de Cuidados Paliativos do IPO-Porto e todos os seus Profissionais;
ECCI de Alijó;
Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Alijó (Direcção, Comando e Corpo Activo). Um grande obrigado por todo o apoio e amizade;
Aos nossos familiares e amigos;
 
Terminamos com a mensagem recebida de uma Profissional da Clinica da Pele, Tecidos Moles e Ossos, após o conhecimento do falecimento do nosso ente-querido:
 
Sinto muito, mesmo muito Sr Francisco! O Sr Fontinha foi um guerreiro, um lutador, Grande Homem! O senhor foi um filho exemplar, sempre presente e a acompanha-lo e a sua mãe uma grande mulher, uma verdadeira companheira! Partilhamos a vossa dor... vocês são o exemplo do que uma família "a sério" deve ser, muitos parabéns por isso! Um grande beijinho de toda a equipa.”
 
Obrigado a todos
 
Arminda Fontinha
Francisco Luís Fontinha