quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Neblina do primeiro amor


Diziam que ele atravessava as paredes da insónia
quando os holofotes da fome desciam sobre o leito de madeira
e pedacinhos de xisto embrulhados em lágrimas de incenso,

Havia frestas nos silêncios pegajosos dos beijos em construção
desmesuradamente cansados da ausência tempestuosa dos sorrisos envergonhados
das rosas vermelhas em perfume cintilante com bolinhas cor de amêndoa,

Diziam que ele conversava com as sombras da cidade
e bebia o suor do rio solitário escondido nas ilhargas flutuantes do sono,

Diziam que ele era homem em corpo de mulher
à procura dos paralelepípedos da Ajuda
e cerrava os olhos
e escondia as lágrimas dentro da neblina do primeiro amor...

(poema não revisto)

A serpente feiticeira da paixão


Amargas as mandíbulas da paixão
na boca expressa da serpente feiticeira
os olhos desmesuradamente em direcção ao infinito
no silêncio da água ribeira,

As palavras comem as sombras do rodapé da algibeira
quando os sonhos brincam na madrugada
da serpente feiticeira
sereia carícia dos lábios da aldeia abandonada,

Amargas as mandíbulas da paixão
entre flores e beijos em cadências amanhecer
na boca o coração
em gemidos de prazer.

(poema não revisto)

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Beijos da tua boca em desenhos de açúcar


O corpo solidifica-se nas nuvens de açúcar
das películas transparentes que brincam infinitamente
nas ondas cansadas do mar,

Preciso urgentemente das palavras do orvalho
que nas noites de inverno
as canções de silêncio apaixonado
transportam o vento às algibeiras do sonho,

Caiem sobre mim as luzes selvagens da cidade
nas damas de corações emagrecidos pela solidão da vida amarga e desmedida
que cresce nas madrugadas dos olhos do ciúme
saltitando de socalco em socalco,

O corpo solidifica-se nas entranhas sombras do amor
quando baixinho murmuras AMO-TE
e fico impacientemente sentado nos lábios do teu sorriso
para desenhar beijos na tua boca.

(poema não revisto)

A cidade dos cadáveres em pedras frias


Existiam sorrisos de dor
nas tuas palavras
pequeníssimos beijos de luz
na madrugada sem destino
o eu ausente
caminhando sobre o mar em flor
em menino
o amor
que a chuva sente
nas tardes de Outubro
o poema transforma-se em pedacinhos de xisto
e mel poisado nos lábios da amêndoa,

Procuro a cidade
dentro da algibeira dos cadáveres quando dormem sossegadamente
nas pedras frias do destino
a cidade cresce dentro das ruas sem saída
que o rio engole das janelas da manhã enfeitada com fios de papel,

Oiço vagarosamente os sorrisos de dor
nas tuas palavras,

e uma corda de sono
entrelaça-se nas minhas mãos esquecidas nas árvores do inverno
cai a noite sobre nós
e descem as estrelas até aos teus olhos de luar.

(poema não revisto)

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Coisas belas


Tantas coisas belas
que dormem no centro da terra
coisas com asas de vidro
e olhos de prata
ruas com janelas
e telhados de chapa

tantas coisas belas
infinitamente apaixonadas
pelas madrugadas
elas
as flores engraçadas
que a noite alimenta

tantas coisas belas
docemente voando nas montanhas do mar
coisas com palavras de amar
belas de embalar
quando a lua e o luar
beijam as luzes da paixão silenciosa

tantas coisas belas
que brotam das tuas mãos de sílaba distraída
coisas e coisas belas elas
entre os parêntesis do beijo
sem jeito
no peito em ferida.

(poema não revisto)