sexta-feira, 7 de julho de 2023

Abraço

 Abraço-me a este corpo rejeitado

A este corpo não tocado,

Abraço-me e imagino o mar

No meu corpo cansado,

Imagino o mar

Que me toca

Que me acaricia…

Que me segreda que me ama,

 

Abraço-me a este corpo desajeitado,

Pedaço de silêncio perdido nesta floresta…

Abraço-me a este mar invisível,

Que conversa,

E me faz sorrir,

 

Abraço-me a este mar…

Que fala comigo sobre poesia,

Que brinca comigo dentro da insónia…

E me faz acreditar,

Que a cada dia…

Há um sonho para sonhar,

 

Abraço-me a este pedaço de sono invisível,

Que procura dentro deste labirinto…

Um outro labirinto,

Abraço-me a este mar salgado,

A este mar…

Sem perceber,

O que tem o meu corpo…

Para não ser tocado.

 

 

 

07/07/2023

Francisco

quinta-feira, 6 de julho de 2023

Floresta

 

Escondo-me na floresta dos silêncios

Onde aprisiono as palavras da madrugada,

Levito pelas sombras em silêncio

Que brincam nesta floresta

Como uma árvore cansada…

Em busca do pôr-do-sol,

 

Encosto-me às sombras do silêncio

E procuro a solidão da noite,

E procuro a minha alma

Que vendi noutros tempos…

A um triste caixeiro-viajante,

 

Escondo-me na floresta da tristeza

Nas garras de um prometido luar…

Enquanto uma estrela cinzenta,

Em lágrimas…

Procura no silêncio onde me escondo,

Desta floresta dos silêncios…

As tristes minhas madrugadas,

 

Escondo-me dos dias,

Das horas dos dias…

E que a morte regresse…

Para levar para longe,

Este poeta que há em mim…

E todos os poemas que escrevi…

Acreditando

Que da floresta dos silêncios

Um dia… um dia nascerá a saudade,

 

E quando o poeta morrer,

Se Deus quiser que seja breve…

Na floresta dos silêncios

Ficarão as minhas palavras,

E um pedacinho do mar que tanto amei…

E que antes de morrer…

Prometo odiar

E inventar nestas árvores invisíveis…

O sonho de uma criança,

No sonho das lágrimas que a insónia transforma em poesia.

 

 

 

 

06/07/2023

Francisco

Viagem

 

Por este mar adentro

Perfeito silêncio em palavra

No sorriso da gente que trabalha

E chora

Quando regressa a noite,

E na noite

Suicida-se o poeta em viagem.

 

Por este mar

Cansado do meu corpo emagrecido,

Cansado das minhas mãos,

Do meu sorriso sofrido…

Deste mar que me vai transportar

Para o livro incendiado,

Quando acordar a manhã…

No olhar do poeta amaldiçoado.

 

Por este mar adentro

O mar simplificado com barcos em papel

Com nuvens de alecrim doirado…

Deste mar cansado,

Como eu,

Em viagem…

Este pobre poeta alucinado.

 

 

 

06/07/2023

Francisco

Livro de poesia

 Amo-te dentro deste espaço exíguo

Das palavras sem madrugada

Nas palavras proibidas

Às palavras das minhas palavras…

Das palavras ditas

Nas palavras escritas,

Amo esse jeitinho de simplicidade

No acordar da manhã…

Amo-te vestida de pôr-do-sol

E das noites em luar,

Amo-te quando dormes no meu poema…

E a aminha cama

Em cada dia…

É um livro de poesia.

 

 

06/07/2023

Desejar-te dentro do poema

 Desejar-te quando a noite poisa nos teus lábios

Desejar-te como o luar deseja a noite

Ou como o sol deseja o dia,

 

Desejar-te dentro do poema

Quando brinca na poesia,

 

Desejar-te quando já és desejada

Nas páginas de um livro

Das manhãs de Inverno…

Desejar-te dentro deste inferno

Que acorda em cada madrugada,

 

Desejar-te enquanto és flor

Semente semeada

Desejar-te neste imenso mar

Onde habitam as minhas palavras

Onde morre a minha dor

Onde escondo as lágrimas de chorar.

 

 


Francisco Luís Fontinha

(inédito)

Arte

 

Não sei as cores,

Meu amor,

Mas se eu pudesse,

Pincelava os teus lábios de desejo paixão,

Não sei as cores,

Meu amor,

Mas se eu pudesse,

Pincelava o teu olhar com as cores do meu coração…

Não sei as cores,

Meu amor,

Mas se eu pudesse…

Pincelava o teu coração… com as cores do meu coração.

 

 

06/07/2023

Se cada vez que penso em ti… uma estrela se extinguisse no Universo, este seria a escuridão!